O ecossistema de empresas de realidade virtual e aumentada no mercado nacional tem cerca de 106 empresas que representam três mil postos de trabalho. Operam em múltiplos setores e, apesar de se concentrarem ainda na Área Metropolitana de Lisboa, estão já um pouco por todo o país e até nas ilhas. Dois terços das empresas deste mercado são PME ou startups, o que lhes permite ter uma grande flexibilidade e rapidez na criação de novas soluções imersivas. As conclusões são do
VR/AR Ecosystem Report Portugal 2021, o primeiro relatório apresentado pela VR/AR Association Portugal, a Secção VR/AR da APDC. Este trabalho acaba de ser apresentado num
webinar dedicado ao potencial das tecnologias imersivas.
Este relatório, que acaba de ser anunciado, mostra o universo de protagonistas ativos do setor, embora não na sua totalidade. Mas a quantidade e diversidade dos players identificada evidencia a forma como o mercado se tem desenvolvido nos anos mais recentes. Assim, as empresas de RA/RV já operam num vasto conjunto de mercados verticais, evidenciando o nível de maturidade do ecossistema e o valor da pool de talento que está a começar a gerar. Uma grande parte está a desenvolver soluções de software, mas muitas das empresas trabalham para setores tão variados com a agricultura, saúde, imobiliário, conteúdos, retalho, turismo, indústria 4.0, gaming ou educação.
Tal como se previa, as startups e as PME dominam o ecossistema: dois terços das empresas têm até 20 trabalhadores a trabalhar em full-time. O que significa que têm grande flexibilidade na resposta ao mercado, desenvolvimento soluções de forma mais ágil e rápida. Há apenas 8 empresas com mais de 100 trabalhadores no mercado nacional.
Por regiões, e embora mais de metade das empresas (58) estejam localizada em Lisboa e Setúbal, os dados mostram um crescente alargamento do ecossistema às demais área do país. Nomeadamente no norte e centro, assim como nas regiões autónomas. O Porto tem já 19 empresas de RA/RV, Braga tem cinco, Castelo Branco quatro, Aveiro e Leiria três e Brangança, Vila Real e Viana do Castelo uma cada. Já no Alentejo, mais concretamente em Évora, existem três empresas, o mesmo número que no Algarve. Madeira dem dois projetos de RA/RV e os Açores um.
Neste trabalho, destacava-se que o setor se deverá continuar a desenvolver, a crescer e a diversificar, nomeadamente com o arranque das redes 5G, que permitirá novos casos de uso de tecnologias imersivas.
Acresce que, para além da oferta de software e hardware, as aplicações de AR/VR estão a tornar-se cada vez mais comuns no mercado B2B, o que está a criar uma forte procura de skills específicas nesta área e novos perfis de postos de trabalho. É ainda destacado o facto da pesquisa académica e empresarial ter já consciência da oportunidade transformacional trazida pelas tecnologias imersivas e do seu papel no desenvolvimento de soluções. De acordo com o relatório, apesar de ser um país pequeno, a poll de talento portuguesa atrai profissionais internacionais que procuram um país pacífico e tranquilo, com um background multicultural e um elevado nível de vida.
De acordo com Luís Martins, presidente da Secção Realidade Aumentada | Realidade Virtual da APDC, os valores obtidos pelo relatório mostram a grande oportunidade que este negócio representa para o mercado nacional. "106 empresas é um número recorde. Não há outro report do ecossistema na Europa que tenha mais de 100 empresas, além do nosso", garante, destacando que o futuro terá de passar por "criar visibilidade às empresas e tecnologias imersivas a nível nacional".