“COVID-19 Digital Reply”: Portugal Fintech no combate ao COVID-19
Depois de dois meses em que empresas e pessoas foram obrigadas a virar-se para o digital, com as medidas de isolamento social resultantes da pandemia, a transformação para o digital vai ter de acelerar. O mindset está a mudar e é certo que nada vai ser como era, antecipando-se uma adoção massiva de soluções digitais. As fintechs LOQR, Lovys e hAPI já estão a sentir um renovado interesse nas suas ofertas, 100% digitais, e mostram-se muito confiantes quanto ao futuro, como ficou claro nas mais recente Conversa Digital, do Ciclo "COVID-19 Digital Reply", realizada com o apoio da Portugal Fintech.
Tendo como principais clientes a banca e o setor financeiro, a startup portuguesa LOQR disponibiliza uma plataforma integrada, unificada e de utilização simples de gestão de identidades digitais. Esta permite às entidades bancárias terem em tempo recorde as ferramentas necessárias para criar canais digitais e disponibilizarem serviços totalmente digitais, com segurança e compliance.
Ricardo Costa, CEO da startup, refere que as quatro áreas fundamentais que registam grande procura são o costumer onboarding, a assinatura de documentos e contratos digitais, a autenticação de clientes e o costumer data update. E se a procura destas soluções antes da pandemia era grande, desde há dois meses que se intensificou exponencialmente, tanto pode parte das empresas que já usavam a sua solução como de novas empresas, já que todas foram obrigadas a trabalhar digitalmente.
"Antes da pandemia tínhamos que demonstrar que era possível fazer o mesmo, mas de forma digital, e as dificuldades era grandes. De repente, nos últimos dois meses, a prioridade passou a ser o digital, crítico para todas as empresas", diz o gestor, adiantando que se registou uma adesão em massa aos serviços. De tal forma que a fintech já ultrapassou este ano toda a faturação que registou em 2019.
Áreas como a contratação à distância, a recuperação de acessos de homebanking, a certificação de contactos, a atualização de dados ou a abertura de contas estão a registar uma forte procura. Ainda na semana passada, foi com tecnologia da LOQR que o Banco Montepio abriu a primeira conta bancária 100% online de empresas no mercado nacional, exemplifica o fundador do projeto.
O modelo de negócio assenta numa parceria com os clientes, com partilha de risco, num modelo de software-as-a-service, com o licenciamento da plataforma a ser baseado no número de identidades criadas e/ou geridas. Para os próximos meses, o desafio será, na sua ótica, a otimização dos novos serviços. "O digital vai manter-se, não vamos voltar atrás. Está cá para ficar, com cada vez mais utilizadores, e é preciso ter capacidade de resposta", garante.
INOVAÇÃO PORTUGUESA EM FRANÇA
Já a Lovys, considerada uma ‘Netflix dos seguros', nasceu em França, mas com ADN português. A sua proposta passa por revolucionar a oferta do mercado segurador e a forma de fazer seguros, uma área que, como começa por salientar Gonçalo Parreira, VP of Partnerships da startup, ninguém gosta e que só contactam quando é mesmo necessário. Por isso, criou uma solução totalmente digital que agrega todas as apólices de seguros, pagas numa única mensalidade, facilitando a gestão familiar e personalizando o produto.
O gestor desta insurtech não tem dúvidas de que as seguradoras precisam de conhecer cada vez melhor os clientes, transformando radicalmente as suas ofertas e respondendo aos novos desafios do digital. Por isso, surgiram como "uma resposta aos novos tempos, sendo digitais e mobile por natureza. O mercado de seguros tinha necessidade de uma solução 100% digital, transparente, all-in-one e flexível".
A Lovys tem atualmente 15 parcerias de distribuição ativas e 8 parceiros de underwritting, disponibilizando ofertas de seguros de smartphones, casa, saúde, auto e pet. Desde que arrancou em França, em agosto do ano passado, já fez 8 mil apólices, já faturou um milhão de euros e as perspetivas são muito positivas, depois do primeiro impacto do COVID-19 nas atividades. "A nossa experiência tem tudo para correr bem. Temos muito interesse nos parceiros de várias verticais, para sermos uma solução diferente", adianta o responsável.
Apesar do seu posicionamento ser mais B2C, está agora a fortalecer a sua vertente B2B, com parcerias com a banca, telecomunicações, retalho e outros setores, para "agregar cada vez mais necessidades de seguros de uma forma simples". Está também a alargar a outros mercados: em Portugal já está a oferecer seguros para smartphones e quer entrar rapidamente em Espanha. Gonçalo Parreira admite ainda, a prazo, uma eventual entrada nos seguros para empresas.
AUTOMATIZAR E ACELERAR
Já a hAPI é uma fintech especializada em criar interfaces rápidos e simples para a recolha de informação financeira dos clientes da banca dispersa por diversos sites. Para isso, a startup desenvolveu uma solução que permite entregar de forma totalmente online toda a informação e documentos originais certificados, para se submeterem pedidos de crédito a bancos e entidades financeiras. No fundo, acelerar todo o processo, através de uma API que permite de forma fácil e simples, que toda a informação seja acessível rapidamente.
Diogo Nesbitt, cofundador da hAPI, destaca os benefícios desta plataforma de integração: ter informação atualizada e fácil de cruzar, estruturada e de confiança, sendo este um dos seus pontos mais fortes. Com a pandemia, a startup criou um piloto para demonstrar como é que a solução pode ser útil, por exemplo para uma concessão de crédito totalmente online: a partir de uma página do banco, o utilizador pode digitar os seus acessos da Segurança Social, Autoridade Tributária e Banco de Portugal, recebendo o banco apenas a informação e a documentação necessária para a decisão sobre o crédito. Toda a informação é recolhida e validada de forma automática e em poucos minutos.
Questionado sobre eventuais problemas de confidencialidade, já que o cliente digita os seus acessos, admite que esse é um ponto delicado e que haverá sempre o risco de abuso de informação. Mas deixa claro que o risco é muito menor do que nos processos usados anteriormente, até porque com a hAPI "são os sistemas que acedem à informação e não as pessoas. Tudo é feito automaticamente, sem partilha de passwords com a entidade bancária".
O gestor garante que há um grande interesse nestas soluções, até porque "o processo pode, e deve ser, todo automatizado". A empresa "sentiu, de repente, os bancos estão cada vez mais interessados em pensar o que podem fazer para reduzir riscos, evitar uma ida à agência e reduzir o consumo de papel", não só para "minimizar os impactos do coronavirus, mas também para otimizar e redefinir processos".
Programa
17:00
Boas Vindas
Sandra Fazenda Almeida - Diretora Executiva, APDC
Matilde Limbert - Member of the Portugal Fintech Team