Fazer uma reflexão estratégica ao mais alto nível sobre as mudanças sem paralelo que estão a ocorrer em termos económicos e sociais e sobre a estratégia e os caminhos a seguir é o objectivo do Ciclo de Jantares-Debate APDC 2011. Esta iniciativa arrancou a dia 5 de Abril, sendo Diogo Vasconcelos, personalidade com vasta experiência europeia e mundial na área da inovação social e na Sociedade da Informação e do Conhecimento, o orador-convidado.
Diogo Vasconcelos, presidente da Direcção da APDC no triénio 2008/2010 e actual presidente da Mesa da Assembleia Geral, traçou o quadro de uma Europa em situação desigual entre os seus estados-membros e com muitos desafios a enfrentar. Como o desemprego, o envelhecimento da população, as alterações climáticas, o desafio crescente da saúde. São questões a que há que encontrar rapidamente respostas, num contexto competitivo internacional muito aguerrido.
A Europa está a perder a liderança em termos de I&D e não está a conseguir financiar o futuro, criando nova riqueza e mais emprego. Há por isso que adoptar novas abordagens, que passam por uma aposta na inovação. Só a inovação poderá dar resposta aos novos desafios. E se existem muitas iniciativas ao nível europeu, há que se tentar ver como é que se poderá trabalhar em conjunto e através de parcerias entre o sector público, o sector privado e a sociedade em geral. Porque hoje "há muita invenção mas pouca inovação". O Distinguished Fellow e Senior Director da Cisco não tem dúvidas de que "quando se fala em crescimento tem de se falar necessariamente em empresas inovadoras. Um país é, de facto, inovador quando cria muitas empresas inovadoras, pois só isso pode transformar estruturalmente a economia."
As várias iniciativas da União Europeia, com destaque para o Europa 2020 e dentro deste para a Agenda Digital, precisam das TIC e baseiam-se nesta indústria. Agora, há que saber como é que se podem acelerar os investimentos e mudar os modelos de negócio. E aqui, só a mobilização dos sectores público, privado e não comercial para trabalharem em conjunto é que poderá dar origem a novas respostas. Nomeadamente por novas compras públicas, pois "não estamos a usar na Europa o procurement público como instrumento para fomentar a inovação". Ou pela criação de novos mercados, industrias e negócios que captem as poupanças privadas. Ou por novos instrumentos financeiros, nomeadamente através de financiamentos do BEI em novos sectores e infra-estruturas, transformando-se no Banco Europeu de Inovação.
2011 é, para Diogo Vasconcelos, "um ano particularmente decisivo ao nível europeu, porque tudo o que vai acontecer na próxima década está a ser decidido". Estas são "discussões da maior importância, que não estão a ser consideradas por Portugal, mas onde o nosso país deve ser mais actuante". Porque há que aproveitar a crise como uma oportunidade de mudança radical e estrutural.
Um novo ciclo na APDC
No âmbito desta iniciativa decorreu ainda a tomada de posse dos novos Órgãos Sociais da APDC. E Pedro Norton, o novo presidente da Direcção, destacou "três ideias genéricas que mais não são do que a fundação sobre a qual acredito pode vir a construir-se o próximo ciclo da vida da APDC": continuidade, ambição e abrangência.
Continuidade porque, reconhecendo o trabalho da anterior Direcção da APDC e o seu mérito, defende e acredita no "conhecimento acumulado", recusando a "ideia de que a vida das empresas, das associações, das sociedades políticas se deva permanentemente reconstruir do zero. Na vida, não devemos, bem entendido, temer as rupturas. Há um momento em que, mais do que necessárias são inevitáveis. Mas acredito que as revoluções devem ser mais a excepção do que a regra." E porque reconhecer o mérito, é "estar à altura da responsabilidade. É não temer a assunção, clara e inequívoca, de que partimos hoje de uma base mais sólida do que a que existia há 3 anos. É não ceder à vaidade espúria de recomeçar do zero, de proclamar a revolução pela revolução. Mas é também não temer a principal consequência desse reconhecimento do mérito: a fasquia é alta, a herança é sólida e isso deve ser um factor de responsabilidade e de motivação acrescida".
Ambição porque acredita "que a ideia de continuidade pode e deve rimar com a ideia de ambição. Sou dos acreditam que uma herança de excelência, ao invés de ser geradora de autossatisfação e complacência, nos obriga a projectar objectivos mais altos, metas mais ambiciosas, horizontes mais largos.". Que obriga a "ir mais longe", a "inovar mais ainda", a "assumir mais riscos, a explorar novos caminhos e novas ideias". Para o novo líder da APDC, "a ambição deve, portanto, sem ambiguidades nem falsas modéstias, fazer parte do léxico e do ADN da APDC. O nosso sector, vive momentos revolucionários e desafiantes" e a Associação "tem de assumir a ambição de conquistar ainda mais visibilidade", porque isso é um "pré-requisito fundamental para que possa ser cada vez mais influente". Actuando, proactivamente, como "agenda setter", defendendo os interesses do sector como um todo. Com geração de inteligência colectiva à escala nacional e global. Sendo o "benchmark do associativismo feito em português".
Abrangência porque "a APDC só estará à altura dos desafios que se lhe deparam se for verdadeiramente abrangente". Com uma "visão verdadeiramente holística do sector" , que se "interliga cada vez mais profundamente com todo o tecido económico e com todas as áreas da vida social e política. É necessário integrar perspectivas diferentes, alargar horizontes, desafiar certezas, fugir ao pensamento em silo ou em circuito fechado tão característico de algumas organizações sectoriais". O sector das TIC e Media tem cada vez menos de fronteiras rígidas e estáveis.
Para Pedro Norton, "a convergência não é um simples chavão da indústria. É cada vez mais uma chave indispensável para compreender os movimentos tectónicos que se adivinham no sector". Os "ventos de mudança no sector obrigam a mais cooperação e a maior colaboração" e o futuro "é dos que souberem reconhecer as suas limitações e insuficiências, dos que estiverem conscientes da sua incapacidade de ter todas as capabilities num Mundo em rápida mudança, dos que souberem, em consequência, preparar-se para o paradigma da colaboração". E a APDC "só terá legitimidade plena se souber fazer da abrangência e do equilíbrio a sua forma de representar o sector".
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