Evento APDC

04.04
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4 ABRIL | Ritz Four Seasons - Salão Pedro Leitão

Digital Business Breakfast - Mobility-as-a-Service

O mercado da mobilidade apresenta muitas oportunidades, mas tem também várias ameaças. Com uma dimensão significativa, uma grande parte do seu valor ainda está retido na utilização do carro próprio. Pelo que todos os operadores, dos mais tradicionais aos disruptivos, terão a ganhar com a utilização de plataformas tecnológicas e em trabalhar em parceria. Ter uma oferta de transporte conveniente, de preço atrativo e ecológica, que seja integrada, abre novas perspetivas nesta área, onde há que aprender comos casos de sucesso de outros países para acelerar a mudança. Governo a autarquias são fundamentais na equação.

Estas foram as principais ideias do Digital Business Breakfast da APDC sobre Mobility-as-a-Service, que reuniu vários players da cadeia de valor. O objetivo foi analisar as perspetivas da mobilidade enquanto serviço no mercado nacional, as experiências de sucesso em curso noutros países e as estratégias para a otimização das atuais infraestruturas e sistemas operacionais.

A iniciativa foi patrocinada pela Brisa Inovação e Tecnologia, agora A-to-Be. Sendo a subsidiária do grupo Brisa que se dedica à investigação e implementação de soluções inovadoras de mobilidade, aposta agora no reforço da internacionalização, como explicou na abertura Jorge Sales Gomes, administrador da empresa. Tendo em conta a evolução do mercado e a mudança de paradigma que está a ocorrer com o digital na mobilidade, a empresa está centrada num conceito de entrega de serviços ao mercado dos operadores, assumindo-se como um "facilitador da experiência de mobilidade, com as melhores soluções de sistemas inteligentes de transportes". Com a vasta experiência adquirida em áreas como a gestão de tráfego, soluções de mobilidade e serviços de pagamentos, querem agora entrar em áreas como transporte publico e nas cidades inteligentes.

No debate entre os vários players de mobilidade deste encontro participou Sampo Hietanen, fundador e CEO da MaaS Global Ltd, da Finlândia, considerado o ‘pai' do conceito "Mobility as a Service". Este conceito veio trazer o paradigma da mudança na oferta de transportes, ao juntar todos os meios de transporte e combinar diferentes opções de vários fornecedores num único serviço móvel, acessível através de uma app - a Whim - com um único sistema de pagamento e o planeamento da viagem do cliente. O sistema já foi implementado na cidade de Helsínquia.

Para este responsável, o conceito de mobilidade como um serviço implica que cada operador não pode trabalhar individualmente, mas integrado num ecossistema onde todos funcionam em paralelo e de forma complementar. Fornecendo ao cliente um serviço que constitui uma verdadeira alternativa ao carro próprio.

E as pessoas, especialmente as gerações mais jovens, estão cada vez mais predispostas para novas ofertas assentes em plataformas que recorrem à tecnologia. O exemplo da Uber comprova-o, ao oferecer "uma forma simples e cómoda das pessoas viajarem, com um toque numa app no smartphone", substituindo o carro próprio e contribuindo para o descongestionamento das cidades, como destaca Rui Bento, General Manager da Uber Portugal.

Este responsável defende mesmo que a Uber acaba por se assumir como uma parte do ecossistema de transportes, numa logica multi-modal. Em Lisboa, por exemplo, mais de 70% das viagens terminam em menos de 500 metros de uma estação de metro. E acredita no enorme potencial que existe nesta área. "As pessoas não perceber cada vez mais que têm conveniência, mas também economia, ao utilizarem serviços de mobilidade em ver de usarem o carro próprio".

Portugal ainda está, no entanto, longe destas plataformas integradas de mobilidade. Trata-se de um processo evolutivo, onde a oferta crescente de opções fará o seu caminho. "Estes temas não têm uma data marcada para acontecer. São viagens que todos os stakeholders têm que percorrer e que demoram o seu tempo, acrescenta Pedro Afonso, CEO da AXIANS Portugal. Para quem o consumo de transportes, à semelhança de outros setores, será cada vez mais feito em termos de serviços. Para já, o que há a fazer, é "preparar os nossos negócios, os nossos modelos económicos para viver essa realidade".

Também Jorge Sales Gomes destaca que há claramente uma mudança no mercado nacional, apesar da mobilidade ainda assentar muito no carro particular. E há muitos bons exemplos, como prova a própria atividade da Brisa com a Via Verde, que junta cada vez mais funcionalidades e operadores dentro da sua oferta. Mas admite que juntar todos os operadores de transportes, nomeadamente os públicos, será difícil. A solução pode passar por soluções de partilha de dados, juntando todos á mesma mesa, desde que "se percebam as motivações de todos".

Questionado sobre o interesse da Uber em integrar um sistema de mobilidade com todos os operadores, Rui Bento começa por salientar que a substituição do carro próprio "é uma tendência que vai levar anos a mudar". Mas terá que se usar o carro de uma forma mais eficiente e mais partilhada, para ter menos congestionamentos e melhor vida na cidade. Aqui, "a gestão das infraestruturas onde esses carros circulam e a parceria e a colaboração de quem as gere com quem proporciona estes tipos de novos serviços de mobilidade será naturalmente fundamental".

O CEO da Axians garante que a tecnologia e as soluções estão disponíveis. O que é preciso é fazer uma revolução cultural e a experiência mostra que há que mostrar o valor das novas soluções. Estas têm que fazer sentido para o cliente. Não tem também dúvidas que o ambiente fará parte da equação. "Acreditamos que nos próximos 10 ou 20 anos o tema da mobilidade está agarrado à condição energética. Hoje, a forma como colocamos a energia ao serviço da mobilidade é um ponto fundamental que não podemos esquecer", acrescenta.

Com as atuais plataformas digitais, todos os operadores passaram a ter "o contexto do utilizador" e é com base nele que há que fazer "todo um trabalho a montante de desenhar a infraestrutura de uma cidade, onde a mobilidade está no centro com um conceito unicast", defende. Tem que se passar, na opinião de Pedro Afonso, de sistemas de transporte indiferenciados para modelos mais personalizados, com o contexto do utilizador. É aqui que "podemos encontrar modelos de negócio".

Na experiência de Sampo Hietanen, a oferta do MaaS implica dar alternativas aos clientes e para isto todos os tipos de operadores - privados, públicos - terão que se juntar. Na criação deste ecossistema, o apoio das autarquias e dos governos assume uma importância fundamental. "Este mercado tem que ser puxado, através de elementos chave, como uma visão para a cidade e legislação adequada", diz, subscrevendo a ideia de que a tecnologia nunca é o problema, mas sim a forma como as cidades procuram e desenvolvem soluções integradas de mobilidade. Os governos, por exemplo, podem garantir "as mesmas regras de jogo para todos".

Também o responsável da Uber defende a necessidade de uma predisposição do regulador e do legislador para "perceberem o que é bom para as pessoas e para as cidades e atualizarem os quadros regulatórios, de forma a que a mobilidade possa evoluir com as inovações tecnológicas que vão surgindo". E a rapidez da mudança implica que "exista um sistema para que essa regulação seja revista periodicamente", sendo ao mesmo tempo "abertas o suficiente para que possam acomodar e incluir tecnologias futuras".

Área fundamental em que todos concordam é na necessidade de partilha de dados entre todos os operadores, como condição para criar uma verdadeira oferta integrada. Mas esta partilha não é fácil. Pedro Afonso considera que, perante as dificuldades, só há "duas formas de resolver o problema:  ou há interesse económico para as partes que participam ou há um regulador que o impõe. Não há outra forma possível de fazer acontecer".  Até porque cada operador quer proteger o seu mercado. Também aqui, há que se aprender com outras experiências noutros setores e há que centrar nas pessoas, onde tudo começa.

Programa

08:30
RECEÇÃO DOS PARTICIPANTES E PEQUENO-ALMOÇO
09:00
BOAS VINDAS
Rogério Carapuça - Presidente da APDC
09:10
MOBILITY-AS-A-SERVICE
Pedro Bento - Administrador Executivo - Brisa Inovação
09:30
WHAT MUST HAPPEN FOR MAAS TO BECOME A REALITY IN PORTUGAL?
Alexandra Machado - Editora Multiplataforma - Jornal de Negócios
Jorge Sales Gomes - Administrador Executivo - Brisa Inovação
Pedro Afonso - CEO - AXIANS Portugal
Rui Bento - General Manager - Uber
Sampo Hietanen - Founder e CEO - MaaS Global Ltd, Finlândia
10:30
ENCERRAMENTO

Vai acontecer na APDC

2024-10-17

2nd webinar do ciclo Metopia | APDC & XRSI

2024-10-22

10ª Sessão do Digital Union | APDC & VdA