Decorreu a 23 de maio, no CCB
Digital Business Conference E-COMMERCE
Se o comércio eletrónico representa uma enorme oportunidade, há ainda muitos desafios a ultrapassar no mercado nacional. Para saber responder a clientes cada vez mais informados, exigentes e digitais, há que promover a criação de um verdadeiro ecossistema no e-commerce. Todos os players da cadeia de valor se estão a posicionar e defendem que as parcerias, a colaboração e a associação entre todos é o caminho a seguir para crescer e ganhar dimensão. Na conferência sobre "E-Commerce", analisaram-se casos de sucesso e traçaram-se perspetivas para o futuro.
O e-commerce está a crescer a dois dígitos e é hoje uma tendência mundial. Todos os players da cadeia de valor estão a olhar para esta oportunidade e a ver como a podem aproveitar da melhor forma, sobretudo num mercado como o nacional, onde a penetração do comércio eletrónico está abaixo da média europeia. É o caso dos CTT, que se posicionam como operador de last mile, como salientou Francisco Simão, CTO do operador postal nacional.
Com o tema "E-Commerce- Desafios no last mile e no crossborde", o primeiro orador da conferência garantiu que Portugal "vai crescer mais no futuro que o resto da Europa". Sendo um país onde o peso das compras cross border é bastante elevado e a procura está a crescer, as empresas nacionais terá de definir novas estratégias para serem mais relevantes. No caso dos CTT, estão focados na entrega e na oferta de soluções que respondam às necessidades dos clientes e dos consumidores. Previsibilidade, track & trace, flexibilidade no local e na data de entrega são alguns exemplos referidos, como caminho para tentar capturar todo o valor possível deste mercado, potenciando o digital no operador postal.
Que está ainda a olhar "para a oportunidade dos e-marketplaces com parceiros. É algo que tem tudo para correr bem", destaca Francisco Simão. "O e-com será sempre um importante impulsionador de crescimento do comércio. É uma importante alavanca de crescimento para os CTT no contexto da nossa estratégia de logística de última milha", destaca.
O digital trouxe sem dúvida uma enorme complexidade ao mercado e está a afetar todos os setores, garante Ricardo Chaves, Diretor do Departamento de Gestão Comercial da SIBS Forward Payment Solutions. É que o consumidor está em profunda transformação e está sempre conectado numa lógica multidevice e multicanal, oscilando entre eles de forma imprevisível.
Com o mote "Paying Digital: from pay(n)ments to payments?", o orador destaca que se assistiu a uma "explosão de ambientes de pagamento" numa lógica multicanal onde a "clareza não impera". Perante "mais etapas e experiências em todos os processos, os pagamentos t^wm que se adaptar à esta nova realidade complexa", onde "passámos da dor dos pagamentos à invisibilidade dos pagamentos". Hoje, estão disponíveis quase todas as soluções de pagamentos e há muitas tecnologias com potencial de disrupção, particularmente de grandes marcas internacionais.
Das novas soluções seamless aos pagamentos nas redes sociais, passando pelas wallets e de outros múltiplos subsistemas de pagamentos multicanal ou segmentados para certos mercados, o facto é que ainda "ninguém conseguiu impor uma solução", destaca Ricardo Chaves. O caminho, que a SIBS seguiu, passa por "olhar para os casos de sucesso e perceber o que é que está a funcionar bem", definido modelos como o MBWay, que "tem que estar integrado numa jornada de sucesso no processo de compra digital". Uma estratégia clara, informação disponível e canais integrados são fundamentais. Tal como entender muito bem os comportamentos do consumidor e criar-lhes verdadeiras experiências.
CASOS DE SUCESSO E-COMMERCE
No mercado, multiplicam-se os casos de sucesso de e-commerce. Alguns foram analisados nesta conferência. O exemplo da chinesa Alibaba é sem dúvida o maior sucesso mundial de comércio eletrónico. Ernesto Caccavale, Diretor de Desenvolvimento de Negócio da Alibaba, começou por destacar a história da criação da maior plataforma mundial de comércio eletrónico, que surgiu da visão de Jack Ma para responder ao comportamento dos consumidores chineses com uma nova abordagem.
Para este responsável, a chave do sucesso resultou da criação da plataforma de compras mundial, colocando em contacto compradores e vendedores através de um processo fácil onde se pode fazer negócio em qualquer lado, com sistemas de pagamento simples. Hoje, a Alibaba tem cerca de 40% do comércio mundial, tendo criado um verdadeiro ecossistema em torno do projeto. E considera que há uma enorme oportunidade para as empresas portuguesas de venderem na plataforma, com uma estratégia bem definida. "É preciso ter empresas inteligentes e não grandes empresas. E ter produtos smart", destacou.
Já a FaceStore assume-se como uma startup disruptiva, criada há dois anos e meio no mercado nacional. Assume-se como uma plataforma de comércio eletrónico que permite às empresas abrir um negócio online, vendendo na Internet, em redes sociais ou através de dispositivos móveis. Paulo Barbosa, Owner & CEO do projeto, refere que a ideia resultou da mudança radical de hábitos e comportamentos das pessoas, que escolhem o que querem, onde querem e em várias plataformas e devices.
Perante a migração para as novas tecnologias e uma oferta online que não estava à altura, o desafio foi capitalizar a tendência de utilizar as redes sociais, "convertendo likes em vendas. "Percebemos que marcas estavam a usar as redes sociais mas que 95% não estava a conseguir vender nada aos seus seguidores, porque a sua resposta não era adequada", refere. Perante esta realidade, a "FaceStore conseguiu resolver a equação, criando a experiência onmi-channel". Criaram toda a experiência de compra no Facebook, fazendo todo o processo sem nunca abandonar a rede social. "Fomos a 1ª empresa a fazer isto em todo o mundo. Fomos pioneiros nesta área, disruptivos", acrescenta. E há mais para vir, no Pinterest e no Instagram, entre outros.
Também a OLX Portugal tem vindo a evoluir rapidamente. Sendo o único projeto na Europa ocidental de um grupo sul-africano, começou a operação com o foco em bens de transação rápida e fácil, mas tem avançado para outras categorias. Com uma crescente aproximação ao mobile. "60% do nosso tráfego é feito via aplicações mobile", salienta a sua general manager, Rita Marques.
Sendo uma plataforma gratuita e um e-marketplace dinâmico e rápido, depressa ‘puxou' tráfego para outras categorias e avançou para modelos pagos de venda, através de modelos simples de negócio, onde as empresas e utilizadores profissionais podem ter mini-vitrines dos seus produtos. O OLX tem hoje muitas PME que vêm potencial para alavancar os seus negócios e vender produtos e Rita Marques promete mais disrupção e novas ofertas e tendências em Portugal para utilizadores profissionais e individuais.
A Followprice também nasceu de uma necessidade de mercado: agregar numa solução única todas as informações sobre um produto preferido do consumidor, que é cada vez mais exigente e informado. O seu Founder & CEO, João Leitão, explica que o objetivo foi responder aos reais interesses do consumidor de uma forma segmentada e direcionada. Através de um botão FollowPrice em lojas online, os consumidores passaram a ser avisados sobre produtos e campanhas, gerando uma relação e confiança com a loja e criando um maior potencial de compra. O modelo de negócio assenta numa percentagem de cada venda.
Hoje, a solução já está presente em mais de 400 lojas em todo o mundo e a previsão é de um rápido crescimento. E o projeto não vai ficar por aqui. Depois de terem adquirido uma empresa de Braga na mesma área, João Leitão promete para breve "novos produtos e soluções para os clientes acompanharem evolução dos produtos. O desafio é levar botão universal aos 4 cantos do mundo, provando que engenharia portuguesa tem valor e que podemos crescer em escala".
A VISÃO DO ECOSSISTEMA
Na cadeia de valor do e-commerce em Portugal, é unânime a opinião da necessidade de uma maior colaboração entre todos os players deste negócio, como o caminho certo para crescer e ganhar dimensão. Cooperação e parcerias, nacionais e internacionais, são vistas como prioritárias, porque a janela de oportunidade do comércio eletrónico tem um timing e há que o saber aproveitar e garantir o sucesso. Esta foi a opinião unânime dos players que participaram no debate da sessão "A Visão do Ecossistema", moderada por Ana Felipa Almeida, Senior Manager da Accenture Strategy.
Num retalhista como a Sonae MC, toda a complexidade da jornada de compra tem que ser pensada e tem que se saber gerir um conjunto de interações, como destaca Pedro Santos, Head of E-commerce & Mobile. E não há respostas únicas para o mercado, porque o consumidor vai continuar a mudar. Por isso, há que ter sempre "propostas de valor ímpares", com propostas de pagamento significativas e saber conhecer bem o cliente. Notoriedade e confiança são também fundamentais para ganhar escala e crescer. Por isso, e para conseguir resultados, é fundamental "unir forças", o que pode ser feito das mais variadas formas.
Uma ideia subscrita por Alberto Pimenta, diretor de e-commerce dos CTT. !Há dois momentos de ansiedade na compra: pagamento e distribuição. As pessoas querem experiência similar à física na compra online, o que levanta desafios. Temos que ser um grande parceiro dos retalhistas", dando-lhes múltiplas opções de entrega para o cliente final, explica.
Também a Paypal Portugal tem trabalhado no mesmo caminho. O seu Head of Sales & Business Development, Miguel Fernandes, destaca que o projeto nasceu para "remover as barreiras do e-commerce. Hoje, temos 203 milhões de contas de clientes ativas. A Paypal faz parte das nossas vidas". E tem sido no mercado nacional um "motor para potenciar vendas para fora do país", e trabalhado localmente com as empresas. No fundo, funciona como "uma rede global que conhece bem as marcas e os clientes, globais e locais", acrescentando muito valor à cadeia.
A Microsoft "tem estado a trabalhar com todos os parceiros na jornada do e-commerce", particularmente no retalho, que se tem que adaptar a uma nova realidade garante o seu Director of Enterprise Sales Unit, Sérgio Ferreira. Perante os novos modelos de negócio que vão surgindo internacionalmente, a mudança é imperativa. E há tendências emergentes, como a recolha de dados para ganhar capacidade de conhecimento do cliente, e fazer previsões de próximas compras e de novas ofertas. Esta é uma grande área a explorar, considera, tal como a das capacidades cognitivas.
O responsável dos CTT considera que existe hoje um problema de oferta de muitas empresas em Portugal, onde é preciso fazer muito mais. É que "há aqui um grande espaço de oportunidade para se criar um ecossistema nacional e fomentar o retalho online". Daí o projeto do grupo e criar um e-marketplace . "As empresas têm que apostar a colaboração entre elas, até para fomentar as exportações de produtos nacionais", acrescenta, ultrapassando-se "fatores estruturais que são uma barreira à digitalização. As skills e o tecido empresarial têm caminho a fazer. Mas há vontade dos players de mudar e de agilizar o processo".
Também Sérgio Ferreira defende que ��alimentar e estimular o ecossistema de startups é critico para estimular a inovação nacional e o ecossistema do e-com". Há que encontrar soluções tecnológicas fáceis e económicas, trabalhando com todos os players do mercado, e criando "criar experiências únicas e com valor para os clientes dos nossos clientes". Miguel Fernandes vai ainda mais longe: "é preciso promover a inovação em larga escala. Se queremos mudar hábitos de clientes, temos que lhe dar algo que seja significativamente melhor".
Programa
09:00
RECEÇÃO DE PARTICIPANTES
09:30
ABERTURA
Rogério Carapuça
- Presidente da APDC
09:40
E-COMMERCE - Desafios no last mile e no crossborder
Francisco Simão
- CTO
- CTT
10:00
PAYING DIGITAL: from pay(n)ments to payments?
Ricardo Chaves
- Diretor do Departamento de Gestão Comercial
- SIBS Forward Payment Solutions
11:20
COFFEE BREAK
11:40
A VISÃO DO ECOSSISTEMA
Ana Felipa Almeida
- Senior Manager
- Accenture Strategy
Alberto Pimenta
- Diretor de e-commerce
- CTT
Miguel Fernandes
- Head of Sales & Business Development
- Paypal Portugal
Pedro Santos
- Head of E-commerce & Mobile
- Sonae MC
Sérgio Ferreira
- Director of Enterprise Sales Unit
- Microsoft
13:00
ENCERRAMENTO
Vai acontecer na APDC
2024-10-17
2nd webinar do ciclo Metopia | APDC & XRSI
2024-10-22
10ª Sessão do Digital Union | APDC & VdA