A APDC realizou este novo modelo de evento para dar a conhecer e dar visibilidade a casos de transformação digital protagonizados pelos principais líderes da economia nacional. Tratou-se de uma iniciativa diversificada e  com um conteúdo destinado a captar os vários setores da atividade económica. 

Nesta iniciativa as empresas tecnológicas tiveram a oportunidade de apresentar casos de transformação digital em todos os setores de atividade, que estão a desenvolver ou que já estão mplementados, em conjunto com os clientes, e de partilhar experiências e know-how. 

Reconhecendo a transição digital como prioritária e transversal a toda a economia, a Associação visou com esta iniciativa dar a conhecer os projetos das empresas que operam no mercado nacional, partilhar o seu impacto nos clientes e inspirar e contribuir para acelerar a transição para o digital, nestes tempos complexos que se vivem, com a guerra na Europa, uma inflação galopante, a maior seca e décadas e a ameaça de uma nova recessão económica para 2023.

Como referiu o Presidente da APDC, Rogério Carapuça, na abertura do EVOLVE, "a transformação digital não é uma apenas uma transição. Não estamos a transitar de algo analógico para algo baseado em tecnologia. O que estamos é a fazer uma transformação do negócio. Por isso, os casos de transformação digital são casos em que o negócio muda, passa a ser feito de outra forma, os processos ficam diferentes e nos, casos mais extremos, a cadeia de valor muda."

Salientou ainda que "esta transformação tem de ser medida, porque só o que é medido é que se pode geri". Assim, e antes de começar o processo de transformação, será necessário saber quais os seus objetivos. É que "colocar tecnologia por cima das coisas não é um objetivo, mas sim transformar as coisas". 

"A transformação digital não é uma transição. Não estamos a transitar de algo analógico para algo baseado em tecnologia. O que estamos é a fazer uma transformação do negócio. Por isso, os casos de transformação digital são casos em que o negócio muda, passa a ser feito de outra forma, os processos ficam diferentes e, nos casos mais extremos, a cadeia de valor muda. E essa transformação tem de ser medida, porque só o que é medido é que se pode gerir. Para isso, antes de começar o processo de transformação, é necessário saber quais os seus objetivos" - Rogério Carapuça, presidente da APDC na Sessão de Abertura do EVOLVE

Já Paulo Cardoso do Amaral, Coordenador Científico do EVOLVE, começou por salientar que, se tudo começa com a tecnologia, esta não para de evoluir a uma velocidade cada vez maior. Por isso, "não podemos ficar parados. Tudo se transformará numa ameaça se não a acompanharmos a mudança e a transformação do negócio, numa perspetiva de criação de valor, é onde queremos chegar".

O que passa por "transformar a empresa no que é o seu modelo de negócio e até mudar a cadeia de valor. Há um conjunto de dimensões dentro da organização e a transformação tem de ser coordenada, para ser eficaz. Temos de ter a certeza de que as dimensões estão lá todas. A começar pelas pessoas - clientes, consumidores, colaboradores e parceiros. Não podemos fazer uma transformação digital sem toda a gente estar preparada".

Para este responsável, "pessoas, tecnologia e processos são essenciais para criar o valor que queremos obter, desde que o mercado esteja preparado para tal". E recomenda que se olhe para os casos de estudo apresentados no EVOLVE com estes princípios na cabeça. "O processo de aprendizagem começa no backoffice e vai terminar no cliente final. Sendo que nesta fase é normal que tudo comece pela capacitação interna das empresas, para depois poder dar um passo para fora. Temos de aprender o que fazer com as tecnologias, sempre na perspetiva de que não vai ser a solução provável e única para organização. Que haverá outras em desenvolvimento que vão ser a vantagem competitiva do futuro. É um processo de aprendizagem".

O que é que aí vem?  Para Paulo Cardoso do Amaral, são os "ecossistemas que assumem agora toda a relevância. As mudanças a que vamos assistir passam pela interligação entre todos os elementos da cadeia de valor, de uma forma que cria ecossistemas. Qualquer empresa na sua indústria funciona em ecossistema. Não vale a pena pensar apenas em indústria e vantagem competitiva no setor, porque no contexto dos ecossistemas, a separação entre indústrias começa a esbater-se. Há que pensar no equilíbrio novo que aí vem.

E o preocupante é o atual domínio das big tech, que são as maiores empresas do mundo, não empregam o mesmo número de pessoa, valem muito mais do que a gigantes tradicionais de outros tempos e criam valor do outro lado do Atlântico. "Na Europa não temos big techs. O único que tem capacidade de competir com os EUA é a China, pela forma muito rápida como faz as transformações e evoluções tecnológicas. Temos dois blocos do ponto de vista tecnológico e não existe nenhum europeu", alerta. 

Neste cenário, a regulação, em particular a financeira, tem um papel muito importante, porque é ela que define como podemos viver em sociedade. "As novas tecnologias estão prontas a entrar no mercado, direitinhas aos ecossistemas. A lei não lhes está a dar hipótese, mas os ecossistemas têm de se criar", considera, adiantando que "há propostas de valor possíveis já a partir de 2023, desde que o mercado esteja preparado. Temos de estar bem alerta e ter a outra parte da equação, de olhar par ao mercado e para a regulação e perceber como é que as nossas capacidades poderão ser aplicadas. As mudanças serão mundiais e iremos a reboque. Mas temos de estar bem alerta, para perceber o que pode acontecer e como nos preparamos para isso".

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