Evento APDC

06.05



Mário Vaz abre Ciclo de 2014 com líderes das TIC

Jantar-Debate com CEO Vodafone

Mário Vaz, que foi o orador convidado do primeiro encontro do Ciclo de Jantares-Debate APDC com os três grandes grupos de comunicações nacionais, abordou neste encontro a visão da Vodafone Portugal sobre o setor das telecomunicações e o posicionamento da empresa face aos desafios que existem e deverão surgir no futuro. Começando por referir a evolução do setor e o seu peso na economia, assim como as descidas de preços acentuadas, fruto de uma "dinâmica competitiva" que "tem transferido os benefícios diretamente para os consumidores. Em 3 anos, só a redução de preços no móvel foi na ordem dos 30%". O resultado tem sido uma queda acentuada das receitas que, nos mesmos três anos e em termos globais, foi da ordem dos 800 milhões de euros.

O CEO da subsidiária nacional da gigante Vodafone voltou ainda a destacar as grandes diferenças que persistem entre os negócios móvel e fixo. Até porque "a convergência mais não é do que a agregação dos serviços fixo e móvel. E a dinâmica do setor é uma junção dos dois". E se no móvel, Portugal é líder na Europa e até no mundo em termos de cobertura LTE, de subscritores e de acessos em banda larga, no fixo, se em termos de cobertura de fibra o país também lidera, nos acessos em banda larga e nas subscrições já fica muito aquém. Esta situação resulta de uma regulação completamente distinta para as duas áreas, que teve como resultado a existência de concorrência no móvel e de um duopólio no fixo.

"O terceiro operador no fixo e os restantes operadores pouco mais têm do que 10% do mercado. Há um cenário competitivo diferenciado entre o fixo e o móvel", defendeu. Adiantando que "permanece no mercado uma regulação desbalanceada entre o fixo e o móvel. Foi dada demasiada atenção à regulação móvel e pouca à regulação fixa". Com a opção política pela existência de várias redes de fibra, "o caminho tornou-se mais difícil. Mas assumimos a responsabilidade de continuar e de investir".

E por isso, a "Vodafone está a apostar na convergência. Entendemos acelerar o nosso investimento com a cobertura em fibra de mais de 1,5 milhões de casas com fibra. Em paralelo, continuamos a investir no móvel. Proporcionando experiências aos clientes para dinamizar a utilização de dados móveis". O investimento anunciado de 500 milhões de euros a dois anos "demonstra o compromisso do grupo com o nosso mercado" e a capacidade de reagir e de dar resposta à consolidação do mercado e à existência de dois operadores com dimensão superior à da Vodafone".

E os resultados são para Mário Vaz evidentes: a empresa alcançou em março as 800 mil casas com fibra e num ano alcançaram os 120 mil clientes de tv e os 100 mil clientes de fibra. "Mostrámos capacidade para construir e ganhar clientes. E sermos um player relevante. Somos claramente os desafiadores na área fixa", garante. Acrescentando que "a principal mensagem é que estamos neste mercado, difícil em perspetivas de receita, e com muita competitividade. Temos suporte do acionista e capacidade, já demonstrada, para competir neste mercado. Estamos comprometidos com o futuro". Mantendo níveis elevados de eficiência, a liderança na satisfação dos clientes, a melhor rede de dados móveis e a liderança no segmento jovem. Assim como promover o país e trazer centros de competência do grupo para Portugal.

No debate que se seguiu em que participaram Nicolau Santos e Camilo Lourenço, o gestor garantiu que no setor como um todo há claramente espaço para três operadores, apesar do decréscimo do mercado. "Temos escala para termos a mesma capacidade no fixo que os nossos concorrentes". Comentando a fusão entre a Zon e a Optimus, admitiu que esta "condicionou uma alteração dinâmica no mercado", ao acelerar a convergência. Sobre se haverá potencial para uma maior consolidação, admitiu haver já pouco. E se num cenário teórico existiruiam vantagens numa fusão entre a Vodafone e a Cabovisão, será preciso que "alguém queira vender". É que a dimensão do benefício e o valor pode não justificar a fusão.

Sobre a concorrência entre operadores feita a partir dos preços, nomeadamente se as práticas atuais de preços são irracionais, garante que "as decisões são sempre racionais. Tomam-se porque se acredita num determinado resultado". É que os operadores tendem a ser tão competitivos que as vezes anulam as suas receitas e os resultados dos concorrentes.







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