O Secretário de Estado para as Telecomunicações do Ministério das Telecomunicações e Tecnologias das Comunicações de Angola, Aristides Frederico Safeca, abordou na sua intervenção a visão do setor das comunicações em Angola, as oportunidades do mercado africano para os países da lusofonia e as parcerias institucionais e de negócios a potenciar entre empresas portuguesas e angolanas. A estratégia do executivo angolano para o mercado das comunicações assenta no Livro Branco para as Tecnologias de Informação e Comunicação, aprovado em 2010 pelo Presidente José Eduardo dos Santos. Estre documento é hoje "o principal documento de condução estratégica do desenvolvimento do setor das comunicações em Angola", sendo fundamental para os potenciais investidores naquele mercado conhecer a fundo o seu conteúdo, como salientou o governante. Porque contém "as principais linhas de força que o Executivo angolano procura, viabilizando a expansão do mercado e antevendo metas, para as quais convida os empresários, nacionais e estrangeiros, a investir e a contribuírem para o crescimento da economia".
E o Governo angolano "assume o compromisso de assegurar um desenvolvimento harmonioso e progressivo das TIC, em termos de infraestruturas básicas que garantam a conetividade e a prestação de serviços de qualidade a preços acessíveis, democratizando o aceso à Internet, proporcionando as bases para o desenvolvimento socioeconómico do país e constituindo uma referência regional em termos de evolução positiva do índice de desenvolvimento".
Na sua intervenção, Aristides Safeca salientou que "a visão assumida pelo Executivo visa para Angola a coliderança em África no domínio das TIC no final da presente década". Sendo este um desafio ambicioso, só será possível de alcançar "se existir uma forte cooperação entre os diversos atores do mercado, o setor público e privado, o investimento nacional e estrangeiro, as parcerias empresariais no domínio da internacionalização, a diversificação e a oferta de serviços no mercado". Só assim o país se poderá "transformar numa potência regional" no continente africano. "As TIC angolanas querem ser um dos elementos contribuintes para que Angola possa exercer este seu potencial de liderança na região onde se insere", refere o orador convidado.
Nesta perspetiva, e desempenhando o sector um papel alavancador, a "coliderança nas TIC só será alcançada se existir um forte investimento do Estado angolano no capital humano e na infraestrutura de suporte". E é aqui que o governante garante que há "uma forte oportunidade para a construção de parcerias institucionais e empresariais entre Portugal e Angola", em áreas como a criação de capacidade local para implementação, manutenção e operação de fibra ótica e da rede nacional de transmissão, na criação de competências no domínio da formação de quadros especializados nos vários domínios do setor e na internacionalização de negócios ao nível dos PALOP, como ponto de partida para uma abrangência mais global. E se já existem parcerias muito relevantes ao nível dos principais players, o caminho para as parcerias que podem existir entre as empresas angolanas e portuguesas tem agora "um campo muito maior e de maior eficácia nas parcerias entre PME. Sobretudo ao nível de serviços que suportam os grandes operadores".
Referindo-se ainda à visão de Angola, o secretário de Estado destacou vários importantes programas do Executivo de desenvolvimento do país nas TIC. Nomeadamente o programa de investimentos em redes de fibra, tanto a nível nacional como de interligação internacional. Ou o Programa Espacial nacional, que visa melhorar a oferta de conteúdos em todo o território nacional, mesmo nas zonas mais recônditas, para além da criação de sinergias de pesquisa e desenvolvimento industrial em diversos setores da economia. Ou ainda o programa de TDT de Angola, que tem como objetivo desenvolver a indústria de conteúdos e um mercado próspero de oferta de serviços diversificados. O objetivo é tornar Angola num "hub internacional das comunicações" e transformar "o mercado da lusofonia num mercado forte a nível internacional, na dimensão da nossa economia e do potencial das TIC".
Num debate moderado por António Lagatixo, Managing Partner da Maksen, patrocinadora deste Jantar Debate, o governante angolano respondeu ainda a várias questões mais específicas. E considerando haver "duas vertentes de internacionalização: o investimento em empresas e a transferência de tecnologia", adiantou que sendo Portugal um grande exemplo de internacionalização, um dos objetivos é procurar "reforçar cooperação, para as empresas angolanas mais facilmente se expandirem". Deixa a mensagem de que "as empresas portuguesas têm que ver Angola como um mercado de oportunidades, desde que tragam mais-valias. Ou seja, que potenciem o desenvolvimento do setor e o crescimento económico do país, colocando-o no lugar que julgamos merecer". E recomenda "paciência, porque as melhores parcerias são as que crescem de forma sustentada. As parcerias que resultam são as que têm ganhos, não imediatos, mas de longo prazo".
PORTUGAL QUER APROFUNDAR COOPERAÇÃO
Também o Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, Sérgio Monteiro, esteve presente neste encontro, depois de uma reunião realizada previamente com o seu homologo angolano. O governante nacional defende que é preciso aprofundar a cooperação entre as empresas dos dois países, porque "cooperando as empresas, cooperam os Estados. E esta é a melhor maneira que temos de profundar as relações". Numa conjuntura de enormes transformações e desafios ao nível mundial, a necessidade das empresas portuguesas olharem "para outras geografias e de profundar o relacionamento comercial com o exterior torna-se mais premente". E, neste contexto, "os laços linguísticos e culturais que unem Portugal e Angola constituem uma plataforma privilegiada para a partilha de expeirencias, para a consolidação das relações comerciais e para a criação de novas oportunidades de negócio e de emprego".
Considerando que "a partilha de experiências entre decisores políticos e reguladores no que respeita à definição das políticas públicas na área das comunicações e a experiência mútua que os países têm na área da regulação se pode revelar muito útil para aproximar ainda mais os dois países", Sérgio Monteiro defende que "as experiencias mútuas podem e devem ser partilhadas, em prol da competitividade das empresas e da concorrência no setor, para benefício último das nossas populações". Por isso, são fundamentais as plataformas que promovem o contacto a nível técnico e politico entre governos e reguladores. Acresce que ao "nível das relações comerciais, os operadores portugueses e angolanos têm dado mostras de grande dinamismo e de enorme espirito de iniciativa, tendo sabido explorar oportunidades de negócio e aproveitar sinergias".
Por isso, "é relevante que o mercado continue a explorar novas formas de negócio e de cooperação, em prol do crescimento mutuo. Estamos ambos convictos de que existe ainda espaço para aprofundar a relação entre os nossos dois países na área das TIC". E deixou claro que "é bem-vindo o investimento angolano no setor das comunicações, porque é um investimento que provou, nestes e noutros setores, que está com uma visão de longo-prazo de desenvolvimento do negócio e de aproximação das duas economias. Queremos que as relações comerciais se aprofundem".