Evento APDC

21.01
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No âmbito do Ciclo com os líderes das TIC

Jantar Debate Mário Vaz

Mário Vaz demarca-se da ‘guerra' das concorrentes. A Vodafone está no negócio da distribuição de conteúdos e não da sua aquisição exclusiva. Mostra-se convicto que se vai manter o acesso universal a todas as ofertas, embora a preços mais elevados. Qualquer entrave significará uma alteração da dinâmica competitiva do mercado e menos escolha para o cliente. Reitera os investimentos na fibra e aguarda decisões nos cabos submarinos, para reforçar a sua oferta nas ilhas. É que disponibilizar o serviço nos Açores e Madeira é muito mais caro do que chegar a Miami.

A Vodafone está fora da ‘guerra' pela compra de conteúdos desportivos exclusivos em que se envolveram as concorrentes NOS e PT. Porque esta não é a sua estratégia nem nunca foi. O seu negócio é a distribuição de conteúdos. E aqui, Mário Vaz nem sequer considera a hipótese de não continuar a haver acesso universal a todos os conteúdos do mercado nacional. Avançar para exclusividades na distribuição poria em causa o próprio modelo de negócio e a dinâmica competitiva do mercado. E alteraria de forma significativa a liberdade de escolha dos clientes. No Jantar Debate da APDC em que foi orador convidado, o gestor destacou ainda a importância de uma decisão rápida do regulador sobre os preços dos cabos submarinos, sob pena de por em risco o projeto do grupo reforçar a sua presença nas ilhas e esclareceu que, no âmbito da sua rede oferta de fibra, o contrato de partilha com a PT continua válido. 

"Estou sempre em jogo. Já fui a jogo e continuo em jogo". A afirmação é do CEO da Vodafone no arranque do encontro, num debate moderado por Ana Torres Pereira e Luís Ferreira Lopes. Mário Vaz não está preocupado com a ‘guerra' pela compra de conteúdos desportivos travada ente a PT e a NOS, que envolve já verbas da ordem dos 1,5 mil milhões de euros. Esta é uma área que está fora da estratégia da Vodafone, seja em Portugal ou em qualquer outro mercado. Enquanto operador de telecomunicações, o negócio da Vodafone é a distribuição de conteúdos. E aqui, o gestor deixou um recado: espera continuar a ter acesso a toda a oferta disponível. Até porque não faria sentido de outra forma. 

"À data de hoje, a Vodafone tem contratos de distribuição com a SporTV e com muitos outros titulares de direitos de conteúdos. E não acredito que isso vá mudar. Aliás, quem comprou direitos já manifestou a vontade de estar disponível para todos os operadores", diz, referindo-se às declarações recentes do líder da NOS e de responsáveis da PT Portugal. E adianta que "não poderá ser de outra forma, em virtude do próprio modelo de negócio. Quando maior for o número de clientes do conteúdo, melhor se explora, porque aumenta as audiências. A sua não existência significava alterar de forma significativa a liberdade de escolha dos clientes. Era pôr em causa a dinâmica competitiva do mercado". Por isso, "a fazer fé em tudo o que já foi dito por quem adquiriu os conteúdos desportivos, o acesso estará disponível".

Admite no entanto que os custos deverão ser "substancialmente superiores aos que hoje existem", sem adiantar valores. "Quando houver oportunidade de mudarmos os contratos para estes novos titulares, teremos oportunidade de ver os valores. Uma coisa é certa: serão substancialmente superiores os que existem, mas isso são as regras do jogo".

O gestor manifestou ainda estranheza pelo facto dos concorrentes terem anunciado contratos para dez anos. Até porque a última intervenção do regulador da concorrência sobre o tema determinava que os contratos com os clubes não podiam ter mais de três anos. Mas adianta estar certo que os concorrentes estão a cumprir a lei. Até porque "a regulação não deixará de olhar para eles".

Comentando as relações dos operadores com os fornecedores de conteúdos, admitiu ter interesse em todos os conteúdos, nomeadamente a CMTV, negociação que está em curso mas que deixou claro ser complicada, por dificuldades levantadas pelos concorrentes. Aliás, nos conteúdos, "o momento negocial é sempre difícil. Quando uma parte tem o conteúdo e a utra precisa do distribuir, há sempre pontos de vista diferentes sobre qual deve ser o valor adequado. Esses são momentos de alguma fricção, que são naturais. No caso da Vodafone, felizmente, as coisas têm chegado a bom porto".

A empresa anunciou no 25º Congresso, no final de novembro, um investimento adicional de 125 milhões na fibra, que está em curso. Até porque "é altura da Vodafone não desacelerar". Com uma cobertura de quase 2,3 milhões de casas, espera alcançar os 2,8 milhões este ano. Neste valor, inclui-se o acordo de partilha de 900 mil casas com a PT Portugal, que "está a funcionar com toda a normalidade. O contrato é de longa duração e irá continuar, seguramente".

O líder da Vodafone admite no entanto o que chamou uma "divergência de leitura" do acordo. A Vodafone, " em resultado da única interpretação possível", entende que os "futuros investimentos também deveriam ser partilhados". Mas a PT não subscreve esta posição, defendendo que o contrato, "na sua essência e razão de ser, tem apenas a dimensão da partilha das 900 mil casas". E Mário Vaz continua a defender o que defendeu sempre: a partilha de investimentos, para chegar a mais casas e empresas sem replicar redes e esforços. 

Quanto ao futuro, está otimista. Depois do setor ter perdido nos últimos cinco a seus anos 1,5 mil milhões de receitas, "um número impressionante", há agora uma tendência de redução das perdas, já confirmada pelos mais recentes números da Anacom. Pelo que para este ano estima que a queda possa ficar entre 1% a 0%, numa "projeção em linha com outros mercados europeus". 

E destaca que para o cliente, mesmo com incrementos de preços anuais, o saldo final será sempre positivo. "A dinâmica competitiva faz com que haja muitas promoções ao longo do ano, pelo que o cliente em média paga menos que no passado", ao que acresce o facto da de que "se dá hoje ao cliente muito mais que no passado". E se nas SMS ou na voz fixa a tendência é de queda de consumo, nos dados fixos e móveis "o crescimento é exponencial", o que coloca grandes desafios do setor, já que exige mais investimento.

Mário Vaz considera que existem "três operadores fortes e grandes" no mercado nacional e que a Vodafone conseguiu ultrapassar com sucesso os desafios que lhe foram colocados com a convergência. Hoje, a empresa está a crescer em quota de mercado no fixo, depois dos investimentos realizados. E rejeita a ideia de que o crescimento tenha sido feito à custa nomeadamente da instabilidade que se tem vivido na concorrente PT. "Nas organizações, a estratégia de crescimento não pode ser feita na perspetiva de que algo está a correr mal aos nossos concorrentes", explica, destacando que no caso da PT esta não deixou de estar presente no mercado. E se o saldo final é muito positivo nas novas ofertas convergentes para a Vodafone, que é o operador que mais cresce no segmento fixo, no móvel a perda de clientes é uma evidência, Especialmente na vertente do cliente particular, onde a convergência teve mais impacto. 

A regulação dos cabos submarinos para as regiões autónomas da Madeira e Açores foi um tema em destaque e que Mário Vaz considera urgente resolver, criando-se condições competitivas para que a Vodafone consiga entrar nas ilhas com uma oferta competitiva no fixo. Mesmo com o corte de 50% dos preços cobrados pela PT no aluguer de cabos, que resultou da decisão provisória da Anacom tomada em agosto passado, "não há um modelo de negócio que suporte" os preços atuais. 

"Chegar às regiões autónomas não era possível com os preços anteriores e não é com os atuais. Espero que o regulador, a muito curto prazo, venha a tomar uma decisão definitiva. Qualquer atraso pode pôr em causa a disponibilidade financeira para fazer esse investimento", adverte Mário Vaz. Que adianta:" há um plano de execução. Se o tempo da decisão se prolongar, pode estar em causa a disponibilidade para chegar a essas regiões". Sobre os preços adequados, e porque atualmente "disponibilizar o serviço nos Açores e Madeira é muito mais caro do que fazer chegar o serviço a Miami", defende níveis similares aos do continente. Até porque o investimento feito nos cabos submarinos "teve comparticipação pública e das próprias regiões autónomas. Por isso, o investimento do operador que hoje é titular do cabo não será muito diferente do que foi feito no continente".

A Vodafone continua ainda a tentar trazer para Portugal mais investimentos do grupo, à semelhança do que já foi feito no seu centro de competências. E está mesmo já numa short list para um novo projeto, embora não tenham sido adiantados detalhes. Mário Vaz destaca no entanto a capacidade nacional - um em cada seis colaboradores da Vodafone já trabalha para fora de Portugal - sendo que muitas inovações e desenvolvimentos do grupo são feitos no país. Tudo graças à qualidade dos quadros portugueses, que tem permitido ao país diferenciar-se. "Portugal funciona um pouco como laboratório. O que fazemos faz-se bem e pode ser replicado para outros mercados. Já temos hoje a exposição e o reconhecimento necessário dentro do grupo", considera.

Programa

20:00
Cocktail
20:30
Jantar
21:30
Boas Vindas
Rogério Carapuça - Presidente APDC
21:40
Debate com Mário Vaz, CEO Vodafone
Mário Vaz - CEO - Vodafone Portugal
22:30
Encerramento

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