Sabe exatamente há quanto tempo está na liderança da PT Portugal: 109 dias. Até porque se tinha comprometido a apresentar um plano estratégico para a empresa no prazo de 100 dias, o que fez dois dias antes da realização deste jantar-debate. Um encontro que se realizou praticamente à mesma hora em que se ficou a saber que o conselho de administração da brasileira Oi tinha aprovado as negociações da gestão executiva para a venda da PT Portugal à Altice. Apenas quatro dias depois da Oi e da Altice anunciarem terem avançado para negociações exclusivas por 90 dias.
O Presidente Executivo da PT Portugal, perante mais de 250 participantes no encontro, começou por salientar que está a preparar a empresa para enfrentar a profunda mudança do mercado. Até porque "a única coisa que sei é que nestes últimos meses muitas coisas aconteceram em Portugal e muitas coisas aconteceram na PT. Mas muitas mais coisas vão acontecer". Por isso, avançou como prometido com um plano estratégico que apresentou aos quadros do grupo que traduz a sua visão de como este se terá que preparar para a velocidade acelerada de mudança do setor e dos próprios clientes.
O caminho para os operadores de telecomunicações passa por diversificar mundo digital, o que é "talvez uma das mudanças mais difíceis que temos que fazer", já que se rerão que mover para além das suas áreas tradicionais de negócio. O gestor não tem dúvidas de que "a nossa empresa precisa de mudar fundamentalmente o seu ADN. Precisamos de começar a trabalhar a mudança de ADN com parceiros". E a sua visão passa por transformar cada vez mais a PT Portugal num operador convergente, mas com custos muito competitivos, e num fornecedor de soluções digitais integradas.Mas, para alcançar estas metas, a "empresa tem que mudar", focando-se no cliente. O que é "uma mudança radical". Acresce o foco na inovação e em ser uma empresa always on.
"Precisamos de ter um ecossistema forte de parcerias. E uma estrutura simples, onde as decisões sejam rápidas. Precisamos de ter accountability. O que dizemos fazemos. Precisamos de ser ágeis e de estar constantemente a melhorar. Esta é a visão que apresentámos na terça-feira às nossas equipas e que vai mudar a PT Portugal", explicou Armando Almeida. Para isto, foram definidos os pilares estratégicos da inovação, liderança e mudança na cultura organizacional.
E já há várias mudanças em curso. Na área do data-center da Covilhã e da cloud, a aposta vai passar por captar mais clientes internacionais, por ajudar as empresas, especialmente PME, a adotar a cloud, e por acelerar a mudança na AP. E, tendo em conta que a inovação "é o grande diferenciador para pequenos países como Portugal para serem mais competitivos", a PT Portugal pretende avançar com uma abordagem estruturada à inovação.
Acresce o plano de transformação em curso, para avaliar quais os recursos humanos necessários à empresa. É que já no debate, moderado por Alexandra Machado e por Pedro Guerreiro, o gestor admitiu que a PT tem pessoas a mais, tanto gestores como trabalhadores. Escusando-se a adiantar pormenores e a comentar o passado, referiu no entanto que a empresa terá que ser muito mais ágil a tomar decisões e muito mais transparente. E é nesse sentido que a administração está a trabalhar. "Claramente, a PT Portugal não tem uma estrutura de custos que seja competitiva e precisamos que o seja. No primeiro trimestre, achamos que já teremos números para apresentar. Neste momento, estamos na fase de preparação do plano", referiu. Deixando claro que o processo para o fazer está definido, independentemente da indefinição em torno do controlo acionista do projeto, que se escusou a comentar, por estarem um ‘quiet period'.
Aliás, Armando Almeida garante que a sua administração tem feito um bom trabalho e não sente ser um líder em transição. "Se entrasse a pensar que era um presidente de transição, não fazia nada. Gosto de fazer coisas. E não é difícil, porque todos os dias temos desafios". Foi aliás nesse sentido que avançou com o plano estratégico. " Como administradores da empresa, necessitamos de dar uma visão de para onde achamos que a empresa deve ir. E temos a certeza de que este é um bom plano para a PT Portugal. Independentemente do acionista".
Um plano que pretende implementar em 2015, com metas e objetivos internos bem definidos. Assumindo que a PT Portugal é "uma empresa de distribuição e deverá ficar nessa área", defende que precisam de apresentar propostas dos clientes em parcerias no ecossistema das TIC, entendendo primeiro as necessidades dos clientes para depois definir as ofertas. E, apesar de admitir que os concorrentes estão muito agressivos, nomeadamente no segmento empresarial, garante que a empresa é líder incontestada. Mas que não concorre apenas pelo preço com o objetivo de ganhar quota de mercado. Tanto no segmento empresarial como no residencial e pessoal.
Este foi o último encontro do Ciclo de Jantares-debate APDc 2014. Mário Vaz, CEO da Vodafone Portugal, foi o primeiro orador-convidado deste Ciclo, a 6 de maio. A que se seguiram Francisco de Lacerda, presidente dos CTT, a 1 de outubro, e Miguel Almeida, CEO da NOS, a 16 de outubro.