Evento APDC

15.10
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Talkommunications - Ciclo "O Futuro com o 5G"

O Futuro com 5G na Indústria

Apesar do processo ainda estar no início, as expetativas sobre o potencial do 5G são enormes ou até mesmo disruptivas. Já é possível começar a testar a tecnologia e a definir estratégias de futuro, sendo as parcerias entre indústria, fornecedores e universidade essenciais para desenvolver casos de estudo de sucesso, que possam ser replicáveis. A introdução da nova geração móvel será gradual, mas há a certeza de que nada ficará como dantes nas empresas, que passam a garantir uma produção inteligente e colaborativa, onde a imaginação será o limite, como ficou claro na mais recente Talkommunications APDC.

Vai coexistir nos próximos anos com as anteriores gerações móveis, com destaque para o 4G, mas  não será apenas um upgrade. O 5G vai ser muito mais do que isso, com a tecnologia a ser implementada em várias e distintas fases, como começa por destacar Samuel Ferreira, 5G Solutions Architech da Huawei Portugal. A primeira, que começa a estar disponível um pouco por todo o mundo, traz toda a componente de alta capacidade e velocidade de débito, permitindo novos serviços difíceis de alcançar com as atuais redes móveis, como realidade aumentada e virtual ou o vídeo 4K.

Já a 2ª fase de implementação, mais focada na resiliência das comunicações industriais e na baixa latência, deverá surgir a partir de 2022, trazendo consigo um novo paradigma e um potencial de novas oportunidades para explora em todas as áreas. Mas a massificação da conetividade e a possibilidade de sensorizar tudo só virá numa 3ª fase, a partir de 2023, quando o 5G estiver disponibilizado em pleno, permitindo a criação de uma sociedade mais inteligente.

Como explica o responsável da Huawei, "o 5G irá funcionar como uma tecnologia de acesso, uma rede inteligente que se ajusta dinamicamente, ajustando-se às necessidades em concreto para todas as indústrias. A verdadeira digitalização da sociedade acontecer quando juntarmos o 5G ao poder da computação e à cloudificação dos serviços". Só aí será possível processar todos os dados em tempo real, com aplicações de IA, com conetividade total e integração de processos, o que dará origem a novos serviços com grande valor acrescentado.

Por isso, não tem dúvidas de que "o 5G trará grandes ganhos para a indústria", ao permitir a produção inteligente, através da colaboração, qualidade, eficiência e flexibilidade. No futuro, haverá um novo modelo totalmente colaborativo e interligado, o que permitirá a todas as indústrias serem cada vez mais competitivas, com produtos cada vez mais costumizados, monitorização permanente da qualidade, novos serviços e novos modelos de negócio, assentes nas tendências de consumo.

"Haverá uma interação em tempo real entre produtos, fornecedores, parceiros e linhas de produção vai maximizar a flexibilidade e eficiência da indústria, garante.
Mas, para já, numa altura em que Portugal ainda aguarda o leilão de espetro do 5G, as empresas já podem tirar partido das ofertas disponíveis, para começar a pensar como poderão tirar partido da nova geração. É isso que a Huawei está a fazer também no mercado nacional, onde se juntou por exemplo à Altice, Universidade de Aveiro e à Bosch para acelerar os uses cases de utilização da tecnologia, que vai permitir a transformação digital das indústrias. É que "há muito a fazer" e o "potencial é grande", salienta Samuel Ferreira.

Assim, estão a instalar naquela universidade uma rede com um corte 5G stand-alone e mobile edge computing, para permitir o desenvolvimento de aplicações. A Bosch será a primeira empresa a usar esta rede, até porque tem bem definida a forma como vai implementar soluções assentes em 5G. "A ligação com universidade e indústria poderá ser uma chave de sucesso para a inovação e para a criação de valor, assente no 5G", avança este responsável.

UMA VERDADEIRA DISRUPÇÃO
António Pereira, Plant Manager da Bosch de Ovar, começa por destacar que "o 5G será disruptivo", ao trazer como grandes benefícios o real time, a conetividade mais rápida (com facilidade de transferir dados com muita velocidade) e conetividade massiva (que vai proporcionar a ligação de todos os dispositivos sem concorrência pela banda). O que leva o grupo a imaginar no futuro uma fábrica desenhada "considerando apenas o teto e o chão. Tudo o resto será modular e alterável no tempo, porque deixará de haver conexões físicas".

Para este responsável, o 5G trará um mundo de novas oportunidades, o que na indústria, ao eliminar as ligações físicas, potenciará "um sem número de aplicações que hoje não conseguimos imaginar, pois a rede passa de ser uma estrutura física para cognitiva, com capacidade de adquirir conhecimento".

Será a combinação do 5G com a cloud computing e a inteligência artificial que vai permitir, na indústria, a automação e robótica avançadas, o machine learning e a advanced data analytics. Com essa convicção, a Bosch criou uma 5G Incubater que inclui várias empresas do grupo e 18 provas de conceito que estão em marcha em todo o mundo. Em Portugal, estão a iniciar-se 3, uma delas em parceria com a Huawei e a Universidade de Aveiro (UA).

Esta cidade e a sua universidade têm funcionado como um centro de experimentação para a indústria e a aposta mantém-se com o 5G. Paulo Jorge Ferreira, Reitor da Universidade, destaca a importância das atividades desenvolvidas enquanto "centro de experimentação vertical da indústria, com combinações tecnológicas de impacto". O desenvolvimento de aplicações concretas para a indústria 4.0, os transportes e a energia, são atividades que têm desenvolvido, embora a pandemia tenha atrasado o processo.

É o caso do projeto com a Bosch e Huawei, que ainda está em fase de instalação. Antecipa-se que envolva a implementação de tecnologia IoT, inovação nas áreas da robótica, realidade aumentada com transição de vídeo em tempo real, maior número de dispositivos e monotorização e linhas robotizadas a poderem ser comandadas remotamente. Já no caso da Bosch, o caso de estudo ainda está em fase de planeamento.

Para o líder da UA, a universidade tem de avançar sempre em conjunto com as evoluções tecnológicas, num trabalho "que é muito conduzido pelas necessidades da indústria, que está em grande transformação". Até porque a universidade se assume como um laboratório de comunicações, independentemente das necessidades da indústria".

O responsável da Huawei não tem dúvidas de que, para já, "o 5G será uma tecnologia complementar". Mas nenhuma conseguirá ser tão transversal, já que pode estar em todo o lado e todos na mesma rede e na mesma plataforma. "A grande mais valia do 5G é a ubiquidade da conectividade. Claro que as tecnologias existentes permitem já o desenvolvimento de soluções e a digitalização das fábricas e há muito que pode ser feito, mas o 5G vai trazer a agregação da conetividade, que permite tirar partido transversal de todas as mais valias", explica.

"Para introduzir a tecnologia 5G no mercado mais depressa, optou-se pelas bandas mais baixas de espetro, mas à medida que o numero de uses cases aumentar, a procura vai crescer e a largura de banda que existe vai começar a esgotar-se, pelo que teremos que passar para larguras de banda mais altas", acrescenta o reitor da UA.
Quanto à capacidade de investimento ou à falta dela, na conjuntura atual, considera que "se as indústrias sentirem os problemas sentirão as necessidades e evoluirão. Vai acontecer. O investimento pode ser mais elevado, mas paga-se rapidamente". Neste âmbito, o Plano de Recuperação e Resiliência apresentado pelo Governo terá um papel a desempenhar ao prever uma reindustrialização do país e uma nova abordagem baseada no conhecimento. Alinhar as competências da força de trabalho com as novas exigências das empresas será também essencial, o que levará a um realinhamento de competências nas universidades.

E como vêm os oradores a fábrica inteligente do futuro? Samuel Ferreira refere "a tecnologia ubíqua, com tudo ligado e conectado, em ambiente colaborativo, com interação entre cliente, produto e empresa e com previsão do futuro". Já António Pereira antecipa uma fábrica "on-demand, com produção sem tocar, e tudo centrado no cliente e numa procura diferenciadora e cada vez mais individualizada. E, através de aprendizagem e inteligência própria, com decisões para otimizar processos e recursos".




PROGRAMA (9:30h - 11:00h)
Boas-vindas | Sandra Fazenda Almeida | APDC 
Samuel Ferreira| Huawei
Apresentação Paulo Jorge Ferreira | Universidade de Aveiro


ORADORES CONFIRMADOS  


Programa


Vai acontecer na APDC

2024-10-09

Decorre a 9 de outubro, em Lisboa