CEO do grupo Alcatel-Lucent em Jantar-debate da APDC
Repensar modelo europeu é prioridade
O CEO do grupo Alcatel-Lucent foi o orador-convidado de mais um Jantar-Debate da APDC, que reuniu os principais protagonistas das TIC para abordar o papel das TIC no contexto europeu e global. Esta é uma reflexão que se impõe, num momento em que "atravessamos tempos muito desafiantes e complicados, de grande transformação, tempos que são de grande angústia e de grande ansiedade", embora sejam também " tempos que nos estimulam, que nos convocam, que pedem para darmos o melhor de nós como gestores, como líderes e sobretudo como cidadãos", como salientou o presidente da APDC na apresentação de Ben Verwaayen.
Esta é uma transformação "particularmente profunda", no âmbito da qual se está a construir um novo futuro que será radicalmente diferente, sendo um "desafio que é fundamentalmente global", acrescentou Pedro Norton, para quem há que procurar "soluções e pistas". E neste processo o sector das TIC "está particularmente convocado. Com todas as dúvidas com que vivemos, temos a consciência de que é da inovação, da criatividade e da sociedade do conhecimento que se vai fazer o nosso futuro. Que estes são os atributos com que se fará a diferença no futuro da sociedade que estamos a construir e que podemos almejar seja mais justa e mais equitativa".
tendo liderado vários grupos internacionais, como a Lucent, a KPN e a BT. O atual CEO da Alcatel-Lucent, membro do Foundation Board do World Economic Forum, é tem uma visão global do setor e da economia. E foi exatamente pelo ambiente económico que se vive na Europa e pelo seu impacto na indústria das TIC que começou a sua intervenção. Porque a Europa e a TIC precisam de mudar. E rapidamente, sob pena de não conseguirem acompanhar o desenvolvimento que se está a registar noutras regiões do mundo.
Para Ben Verwaayen, a crise atual que se vive na Europa não se ultrapassa resolvendo o problema do endividamento excessivo dos países-membros. O "tema de fundo é o crescimento e a competitividade". E a Europa está a revelar a sua incapacidade de acompanhar o desenvolvimento dos demais mercados, num "mundo que está a mudar rapidamente" e o valor da economia está a alterar-se. "É isso que traz prosperidade. E a prosperidade traz emprego, que é o que interessa num ambiente político".
Hoje, caminha-se para um mundo cada vez mais digital. Os consumidores querem o digital e o vídeo mas a economia europeia como um todo não está a acompanhar o ritmo de evolução, considera o orador-convidado. Falta investimento, empreendedorismo e inovação, o que não acontece nas demais geografias. "Olhando para a Wall Street como um grande indicador das expectativas de valor, o que vemos é que a companhia mais valiosa do mundo hoje é a Apple. E a segunda maior é o Google. É o que os consumidores escolheram e valorizam", explica.
Um dos problemas na Europa prende-se com a excessiva regulação do mercado, ainda feita de acordo com os conceitos tradicionais. Quando os consumidores estão a alterar completamente as suas preferências e a "indústria não está a ter capacidade de resposta às novas necessidades". E não tem dúvidas sobre o caminho a tomar: "temos que olhar para a competitividade e o crescimento de uma forma mais séria do que tem sido feito até agora. Apesar das metas em termos de cobertura de redes na Europa, no âmbito da Agenda Digital 2020, ainda muito continua por fazer. Os critérios de investimento estão errados e mantêm-se os velhos hábitos". Repensando o que se pretende, coletivamente e como indústria. E "não será fácil. A grande dificuldade não é falar na mudança, é implementar a mudança" para que a Europa se possa "integrar no crescimento global".
O CEO da Alcatel-Lucent considera que há pouco investimento na Europa em termos de TIC porque não houve estímulo nesse sentido. "Se formos desafiados para fazer melhor e investir na próxima geração, as empresas farão isso. Mas se sentirem que não terão o retorno esperado do investimento, então não o farão. É tempo de acordarmos para a realidade. Este não é um problema apenas das comunicações, mas um problema de todas as indústrias", alerta.
É que "no atual ambiente europeu, é muito duro ser empreendedor. Precisamos que as grandes corporações percebam o apelo à mudança, mas sobretudo precisamos de um espírito de empreendedorismo. Nos EUA, é uma coisa natural, porque há um ecossistema que inspira esta cultura de inovação, de ideias. Mas na Europa não temos encorajamento para tomar riscos", ressalta. E acredita que as TIC estão "numa situação peculiar: fornecemos muito mais oportunidades para mais pessoas do que fizemos até agora. E esta é uma oportunidade de mercado, de empreenderismo, mas também de contribuição para a sociedade. Temos a capacidade para fazer muito mais".
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