Para além do impacto de curto prazo estimado, resultante do investimento já anunciado pelos operadores nas infra-estruturas de alta velocidade, o estudo identificou cerca de 1,9 mil milhões de euros directos e recorrentes. Estes serão o resultado da redução de custos e dos serviços adicionais possibilitados pelos novos serviços baseados na nova geração. A alta velocidade terá uma maior incidência nos sectores da saúde e assistência social (38% do total), mobilidade e logística (20% do total) e segurança e justiça (15%). Estimam-se ainda cerca de mil milhões de euros de impacto indirecto, também recorrente, induzido na economia.
Estas são algumas das estimativas do estudo que a APDC encomendou à The Boston Consulting Group (BCG) com o objectivo de determinar o impacte económico e social das RNG. O trabalho, ainda na versão preliminar, estima ainda que o impacto económico destas infra-estruturas consideradas vitais para a economia e a sociedade se traduzirão na criação de 15 mil a 20 mil postos de trabalho permanentes e qualificados.
Os resultados, que foram anunciados no inicio do segundo dia do Predictions & Broadband Summit, consideram apenas os serviços possibilitados pela capilaridade e aumento de largura de banda facultado pelas RNG. E é, na sua grande maioria (50%) realizável a médio prazo, desde que exista a disponibilidade e cobertura da infra-estrutura e a mobilização necessária do ecossistema para o desenvolvimento dos serviços identificados.
Plataforma de inovação social
As RGN, além do impacto económico e criação de emprego que permitirão, constituem também uma plataforma chave para promover a inovação social, contribuindo para a inclusão social e potenciando novas formas de participação cívica. Serão ainda um elemento chave na realização de parte do potencial de redução de emissões de CO2 identificado no estudo Smart 2020 Portugal, também patrocinado pela APDC e apresentado no âmbito do Congresso das Comunicações'08.
Ao assegurar uma posição de liderança no panorama internacional em termos do alcance das RNG, e trabalhando para reunir as condições necessárias para a inovação ao nível dos modelos de negócio, Portugal coloca-se numa posição privilegiada para liderar uma nova fase de crescimento, assente em novos modelos de negócio, novos produtos e novos serviços não totalmente antecipáveis neste momento.
A vantagem obtida através da liderança permitirá também às empresas portuguesas (ou localizadas em Portugal), serem líderes no desenvolvimento de serviços e plataformas para a prestação de serviços, passíveis de exportação e de elevado valor acrescentado. A melhor conectividade, em todo o território, aliado ao desenvolvimento de know-how específico, contribuirá também para a melhoria da capacidade de atracção de Investimento Directo Estrangeiro.
Mudança de paradigma é imperativa
As RNG são, sem dúvida, uma oportunidade para mudar o paradigma de crescimento da economia portuguesa, conjugando um impacto Keynesiano clássico e um aumento de produtividade nos sectores chave da economia, com o potencial disruptivo das mudanças de paradigma Schumpeterianas. Para Xavier Rodríguez-Martín, líder da Oni e coordenador do estudo da APDC, "perante o cenário apresentado neste estudo, compete às empresas de TIC e à sociedade em geral, aproveitar esta oportunidade para crescer. O investimento em redes de nova geração vai permitir que Portugal lidere a criação de clusters de exportação e na atracção de investimentos estrangeiros, o que contribuirá para o forte desenvolvimento do país".
A APDC, enquanto estrutura representativa do sector das TIC em Portugal, tem estado na linha da frente deste debate e da mobilização da sociedade para o aproveitamento das possibilidades abertas pelo investimento em nas RNG. É neste contexto que surge o estudo sobre o impacto económico e social das RNG comissionado pela APDC à BCG. O trabalho tem como objectivo materializar o impacto das RNG, identificando e prioritizando as áreas e os serviços que neste momento se antecipam, e quantificar esse impacto, tanto do ponto de vista económico como social, mobilizando os diferentes stakeholders para a sua concretização.
O estudo, cujas principais conclusões foram hoje apresentadas,só deverá estar concluído em Setembro, abrindo-se agora espaço para a participação de todas as entidades interessadas com contributos sobre o tema.
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