Portugal tem excelentes condições para se posicionar como um dos países mais inovadores a nível mundial na utilização das TIC para a redução de emissões e para o aumento da eficiência energética. O estudo "Smart Portugal 2020", apresentado pela APDC há cerca de 18 meses, contribuiu significativamente para consciencializar a indústria e os decisores, embora tenha tido relativamente pouco impacto junto da
opinião pública. Sendo uma das principais apostas estratégicas da UE, esta é uma área com significativas oportunidades de negócio e, principalmente, com forte potencial para alavancar, de forma sustentável, o crescimento económico futuro. Só que o progresso alcançado em Portugal na utilização das TIC para redução de emissões e aumento da eficiência energética tem sido muito modesto, como o mostra o mais recente upgrade do estudo, que acaba de ser divulgado pela Associação no âmbito das comemorações do Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade da Informação, que hoje se comemora.
De acordo com as conclusões da versão actualizada, apresentada Jorge Vasconcelos, presidente do grupo de trabalho TIC e Energia, da APDC, a janela de oportunidade para Portugal assumir um papel de destaque neste domínio está a esgotar-se, seja pelo insuficiente progresso verificado a nível nacional, seja pelo efeito de rápido "catch up" de vários outros países. É que, apesar de existirem várias iniciativas relevantes em curso, em vários sectores, com resultados muito concretos que demonstram o papel fundamental das TIC para a redução de emissões e para o aumento da eficiência energética, são ainda várias as barreiras, nomeadamente de carácter legislativo e regulamentar, que têm impedido a concretização dessa visão.
Entre as recomendações apontadas agora pelo estudo da APDC, num trabalho coordenado por Jorge Vasconcelos, destacam-se a necessidade das empresas, instituições, escolas e a própria Associação deverem melhorar o nível de informação da opinião pública sobre os benefícios da utilização das TIC para a redução de emissões e para o aumento da eficiência energética. Isto porque o envolvimento activo dos cidadãos e consumidores é fundamental para que se operem as mudanças comportamentais necessárias à obtenção dos resultados desejados.
Defende-se ainda, de acordo com as conclusões do estudo, a necessidade de melhor legislação, melhor regulação e esquemas de incentivos mais claros para a adopção de iniciativas nesta área. Sendo o sector dos transportes crítico para o cumprimento das metas de redução de gases de efeito de estufa, importa facilitar a introdução das TIC nesta área, especialmente no transporte urbano e na formação de condutores, onde se detectam mais problemas.
No sentido de acelerar a implementação eficiente de soluções tecnológicas avançadas em grande escala e facilitar o acesso a mercados estrangeiros, é urgente proporcionar à indústria nacional condições regulamentares e económicas que permitam a construção e disseminação de casos de estudo e living labs, assim como a partilha de boas práticas.
Na área da Energia, muito embora seja percepcionada como aquela que apresenta menor volume actual de negócio para as empresas TIC, é globalmente avaliada como tendo maior potencial futuro. Por isso, importa promover standards abertos e a livre concorrência entre players e soluções no mercado; fazer corresponder incentivos a progressos efectivamente verificados; e articular, de forma coerente, a promoção da eficiência energética e a promoção das energias renováveis.
No evento, o secretário de estado da Industria e energia destacou a importância da iniciativa da APDC para dar "um novo impulso" a esta área, sendo as recomendações de "grande importância e de grande oportunidade". E desafia a sociedade portuguesa a responder ao desafio das alterações climáticas e da sustentabilidade ambiental. Para Carlos Zorrinho, o nível de ambição que o Executivo tem nesta área é elevado, e esta "é a altura de um novo impulso". Destacou a importância da ADENE, que tem um papel pivô fundamental na promoção da eficiência energética e de um futuro mais sustentável. Mas, atendendo às conclusões do estudo da APDC, "temos que assumir as nossas responsabilidades e ter a ambição de ir mais longe".
Tendo as TIC uma enorme importância como instrumento de transformação social e face ao trabalho já feito em Portugal, com sucesso, na área das energias sustentáveis, esta "é uma oportunidade de cruzar as duas dimensões e de dar uma contribuição para a sustentabilidade global", disse o governante.
No âmbito deste evento, foi ainda apresentado a publicação "Sustentabilidade nas Tecnologias de Informação e Comunicação", documento elaborado por um Grupo de Trabalho constituído no seio do BCSD Portugal - Conselho Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável. O objectivo foi promover uma reflexão que identifique soluções sustentáveis para as questões essenciais do sector das telecomunicações através de medidas e acções que possam corrigir e melhorar o desempenho das empresas deste sector. E foi elaborada uma publicação que reflecte as boas práticas das empresas deste sector em Portugal.
Saiba mais sobre as Comemorações do
Dia Mundial das Telecomunicações e da Sociedade de Informação