A sustentabilidade já é hoje um tema core na estratégia das empresas tecnológicas e define a forma se posicionam no mercado. Conscientes de que o potencial da tecnologia na garantia de um futuro melhor e amigo do ambiente é enorme e, ao mesmo tempo, uma oportunidade de negócio, estão a inovar em todas as frentes para dar resposta aos desafios do planeta, ao mesmo tempo que desenvolvem atividades. No webinar APDC, em parceria com o BSCD Portugal, que decorreu no Dia Mundial do Ambiente, sobre Tech4Good, ficou claro que neste momento crucial de desconfinamento, é preciso acelerar e trabalhar em colaboração, para chegar mais depressa.
Os vários desafios da sustentabilidade impõem, de facto, um verdadeiro salto tecnológico, que potencie a transição para um mundo mais sustentável. A pandemia do COVID-19 veio acentuar ainda mais essa necessidade, depois do confinamento social ter obrigado quase todas as pessoas a ficar em casa, usando massivamente o digital, o que levou a uma recuperação do ambiente sem precedentes. Nesta iniciativa, onde participaram oradores da Microsoft, DXC, Huawei e IBM, foi unânime a opinião de que é preciso acelerar o processo e de que todas as empresas já há muito que têm a sustentabilidade nos seus objetivos estratégicos.
Andrea Rubei, COO da Microsoft Portugal, começa por destacar que "todos temos de concordar que temos um desafio no planeta". Trata-se de uma verdadeira responsabilidade, para as pessoas e para as empresas. Mas é também, para as tecnológicas, uma oportunidade, uma vez que a tecnologia tem o poder de acelerar o processo e construir um futuro mais sustentável.
Na Microsoft tem sido essa a estratégia, tanto nos processos internos do grupo como nas soluções que oferece ao mercado. O responsável destaca que só a migração para a cloud reduz a pegada de carbono de forma significativa. Na tecnológica, a transferência de duas mil aplicações para a cloud comprovou-o: permitiu mais 98% de eficiência no CO2 e mais de 93% de eficiência energética.
Trata-se de um exemplo que mostra nas empresas a sustentabilidade melhora os negócios, já que a adoção de soluções tecnológicas permite grandes poupanças e benefícios económicos em todos os setores. Ao mesmo tempo que garante o futuro dos recursos do planeta, cada vez mais escassos. "Há muitas oportunidades para os negócios que procuram soluções tecnológicas sustentáveis nas mais diversas áreas", assegura Andrea Rubei.
Por isso, a Microsoft tem investido na construção de plataformas líderes para soluções tecnológicas que enderecem desafios ambientais em 4 áreas distintas: desperdício, água, ecossistemas e carbono. A gigante comprometeu-se ainda no início deste ano com metas ambiciosas no grupo: em 2030 quer ser carbono negativa e em 2050 quer tirar do ambiente todo o carbono que emitiu diretamente desde que foi criada, em 1975. Está a trabalhar com toda a cadeia de valor e de fornecimento nesse sentido. Em paralelo, criou um fundo de inovação para o clim, com mil milhões de dólares, para acelerar o desenvolvimento global de tecnologias de redução, captura e remoção de carbono. Mais, recentemente, em abril, anunciou os seus objetivos para proteger os ecossistemas, com a construção de um Planetery Computer para usar o big data na monitorização dos ecossistemas e antecipar o futuro.
Na DXC Technology a sustentabilidade também está no core do negócio e imbuída em todas as áreas e práticas do grupo, diz Dina Gaspar, Executive Account Manager. Além da aposta em assumir a liderança do aproveitamento da inovação digital para ajudar os clientes em áreas como a assistência médica e ciências da vida ou a desenvolver veículos autónomos com eficiência energética, entre outras iniciativas, a empresa tem criado um ambiente de trabalho ético, inclusivo e com diversidade. Estabeleceu também metas agressivas de redução de carbono, para ajudar a combater as mudanças climáticas e proteger o meio ambiente.
Segundo a oradora, a estratégia global da DXC, para combinar recuperação económica com sustentabilidade, assenta em cinco áreas chave de foco: negócio responsável, experiência do cliente, ambiente, empregados e comunidade.
Na gigante Huawei não é diferente. Holy Ranaivozanany, Head of Global Corporate Social Responsibility da fabricante, explica que a sustentabilidade é uma área de investimento há algum tempo. Hoje, adotaram o mote "Tech for a better World" e trata-se mesmo de um tópico massivo, presente em todas as áreas de negócio.
A estratégia é simples e assenta em duas grandes vertentes: ‘Take Less', com a aposta na redução de impactos na natureza através da inovação tecnológica, a reciclagem de produtos e a gestão operacional; e ‘Do More', beneficiando-se a natureza com a utilização das tecnologias, através da cooperação entre organizações e parceiros para melhor proteger o mundo.
Para a oradora, a inovação e a colaboração são consideradas vitais na resposta aos desafios da sustentabilidade ambiental e há muito a ser feito. Até porque a tecnologia por si só não resolve nada. Há que "dar um passo de cada vez, mas juntos podemos acelerar a mudança".
"Falamos muito da crise de saúde, mas temos de olhar também para a crise do clima e ter em conta o poder da colaboração. Fazer coisas isoladamente não tem impacto face aos problemas massivos que temos pela frente. Temos de ter uma voz comum para conseguir endereçar eficazmente os desafios. Garantir que a mudança acontece. Por isso, inovação e colaboração são chave para ter sucesso na estratégia ambiental", alerta Holy Ranaivozanany.
Na IBM, também se acredita que a tecnologia tem o poder de mudar o mundo, não apenas para alguns, mas para todos. Lara Campos Tropa, Director of Enterprise Cross and Commercial, Member of Local Board da IBM Portugal, destaca que se trata de "uma enorme oportunidade que temos entre mãos". Na big blue, a responsabilidade social faz parte do core e a aposta no smart work com impacto ou no investimento em soluções inovadoras para as diferentes áreas mostram que "os avanços na tecnologia estão a mudar o mundo para melhor".
Destacando as várias ações do grupo em todo o mundo, através do programa #GoodTechIBM, a responsável enumera as várias formas como a IBM está a ajudar os clientes, ainda mais agora, com o impacto da pandemia. Desde ajustarem-se a uma nova forma de trabalho até disponibilizar supercomputadores para investigar o COVID-19, passando pela ajuda aos alunos na aprendizagem à distância ou o acesso gratuito a patentes. Esta é, na sua opinião, "uma oportunidade de acelerar a digitalização da economia, com um impacto positivo na sustentabilidade. Acredito que o que vivemos nestes dois meses vai acelerar a mudança". E concorda com a oradora da Huawei na importância que assume a colaboração entre todos os players, usando-se o melhor que a tecnologia oferece, como a computação quântica. Afinal, trata-se de "criar um mundo totalmente novo".