Parceria APDC/Deloitte
TMT Predictions – Portugal 2008
As principais tendências para o futuro nas áreas das telecomunicações, media e tecnologias de informação para Portugal foram pela primeira vez objecto de análise. Na base deste trabalho, desenvolvido pela APDC e pela Deloitte, esteve um estudo que reúne as expectativas, os desafios e as oportunidades que estas indústrias no panorama internacional. Os movimentos de consolidação, o ambiente, os recursos humanos, a concorrência, a competitividade, a evolução dos mercados e o investimento na inovação são temas transversais aos três sectores.
Apesar de diferentes nas suas estratégias e formas de actuação, não foi difícil notar uma grande convergência nas preocupações e nas expectativas manifestadas pelas empresas que participaram nas TMT Predictions - Portugal 2008: Portugal Telecom, Zon Multimedia, Oni, Vodafone, Sonaecom, AR Telecom, Cofina, Impresa, Controlinveste, Media Capital, RTP, Lusa, IBM, Sun, Cisco, Altitude, HP, Ericsson, Nokia Siemens, Apple, Microsoft, Google, Ydreams, Chipidea, Grupo Leya, Directgroup, Bertelsmann, TIM.We, CTT, Alcatel e Anacom. Com efeito, nos três grandes sectores de actividade analisados - telecomunicações, media e tecnologias de informação - é notória não só uma confluência de opiniões como um tácito alinhamento de Portugal com as tendências internacionais. Estas tinham sido anunciadas pela Deloitte no inicio de Janeiro deste ano, na sequência do estudo "TMT Predictions 2008" no qual se identificaram as principais tendências no sector das TMT ao nível global.
As conclusões para Portugal foram apresentadas num evento que decorreu a 27 de Maio, na Fundação Portuguesa das Comunicações, depois de Paul Lee, da Deloitte UK, ter traçado um panorama das TMT ao nível internacional e destacado algumas das tendências mais visíveis no estudo realizado ao nível global. Uma das principais foi a do papel preponderante que a tecnologia terá na área do consumo de energia, permitindo uma maior eficiência. Na área da privacidade online, defende uma consciencialização dos utilizadores assim como uma actualização e standartização da legislação em todas as regiões e até globalmente. Já na área dos media, este responsável entende que ao invés de competir com as televisões tradicionais, a televisão na Internet complementa-a, pelo que há uma crescente necessidade das empresas tradicionais e de Internet tv trabalharem em conjunto. Nas telecomunicações, entende que a indústria deve estar preparada para enfrentar os desafios das mudanças e saber explorá-las, transformando-as em oportunidades. A velocidade das redes permanece como o tema fundamental das comunicações, mas há que ser criterioso nos investimentos. "Os operadores devem focar-se nas viabilidade comercial e não nas oportunidades técnicas. Os upgrades das redes devem responder às necessidades dos clientes", destaca.
Mudanças e parcerias
Luis Nazaré, Pedro Norton de Matos, Gonçalo Reis e Luís Mergulhão foram os protagonistas do debate que se seguiu à apresentação das Predictions para o mercado português. Em análise estiveram algumas das principais tendências identificadas pelas empresas e a sua visão sobre o futuro das TMT. A evidente necessidade de mudança, de redefinição de modelos de negócio, de investimento em novas áreas e de aposta em parcerias num mercado em evolução estiveram em destaque.
Pedro Norton de Matos não tem dúvidas: "oito anos, sete ministros e seis reguladores depois, 2008 marcou efectivamente o inicio da liberalização do sector das telecomunicações em Portugal". Uma abertura que vai conduzir a uma inevitável consolidação entre os quatro grandes operadores globais. "Tendo a pensar que há lugar para três. Porque a consolidação vai acontecer. A lógica aponta para isso. Num futuro não muito distante vai acontecer", garante e ex-presidente da Oni, para responder à necessidade de "massa critica, capacidade e dimensão" e porque "a complexidade vai aumentar e as oportunidades serão menores pelo que não é possível haver mercado para tantos. E a Sonaecom será, inevitavelmente um dos protagonistas, ou activamente ou passivamente, desse processo". A realização de parcerias é outra inevitabilidade no sector para a partilha de infra-estruturas. "Faz todo o sentido avançar para as redes em fibra óptica e aqui, do ponto de vista económico, o mais racional é apostar numa estratégia de partilha de investimentos".
Já Luis Nazaré foi muito mais cauteloso na sua visão do futuro das comunicações, porque "há sempre dificuldade em olhar o sector num cenário para além dos dois a três anos. Não faço ideia que tipo de empresas terá". Deu a entender no entanto que a partilha de investimentos poderá ser um problema. "Somos um povo onde é muito difícil de partilhar a todos os níveis. É cultural". E aqui " a regulação nem sempre teve uma política de estímulo". "Hoje o tempo é um tempo de eficiência a todos os níveis. A preocupação de eficiência deverá influenciar o comportamento dos operadores, sobretudo em investimentos tecnicamente partilháveis", diz o ex-presidente dos CTT e anterior líder do regulador sectorial das comunicações, a Anacom. Mas também nesta área não tem certezas: "não sei se é possível ou desejável a partilha de redes. Não tenho a certeza de que é bom haver uma única rede", citando o caso da SIBS com a rede do Multibanco, que é hoje um "operador incumbente com uma rede a chegar ao ponto de saturação. A partilha pode ser boa mas também pode não ser. Os operadores vão ter de pensar mais em formas de partilha, porque o driver é hoje a eficiência". E garante que "vão continuar os tempos de angústias e de incertezas. A construção de cenários está na ordem do dia".
Multiplataforma domina
Gonçalo Reis, ex-administrador da RTP, referiu-se à área dos media e à necessidade das empresas terem cada vez mais que actuar num ambiente multiplataforma, para "serem eficientes e relevantes. O tema produtividade/distribuição tem que ser visto de uma forma mais integrada para vender conteúdos e rentabilizar". A alteração dos "pesos relativos do sector, com o crescente esbater da fronteira entre o produtor e o consumidor de conteúdos é outro facto a ter em conta, já que "há entidades novas que por meios não tradicionais ganham um impacto muito significativo". Para o actual administrador da Estradas de Portugal, "o mundo é cada vez mais bottom-up, pelo que as incumbentes terão de ir buscar business compliance aos challengers e estes terão de ir buscar dimensão aos incumbentes". Isto porque "no contexto actual, para se ser bem sucedido não basta fazer uma coisa bem. É preciso trabalhar em rede. As empresas cada vez mais têm que trabalhar não na sua zona de conforto mas em modelos de negócios distintos e incertos, através de parcerias. A situação está a forçar as empresas de media a pensar como empresas de telecomunicações e vice-versa".
Também Luis Mergulhão, presidente da Tempo OMD, salientou a necessidade das empresas, que até agora "viam tudo numa perspectiva de oferta e não de procura", fazerem um "reset completo" de mentalidades. "Não se pode pensar em manter separados os sectores dos media, telecomunicações e tecnologias de informação, até porque há uma margem cada vez menor na concorrência de cada área". Daí a necessidade de um repensar completo dos modelos de negócio, passando-se de "uma lógica de incumbentes para uma lógica da procura, do consumidor/produtor. O primado é dos conteúdos e há que fazer parcerias", adianta, citando o caso das ofertas de triple e quadruple-play. "Não são ofertas de comunicações, mas de media e de entretenimento. E o mercado tem condições de crescer e está a crescer a um ritmo razoável.", garante. "Estamos numa altura extraordinária e de grandes desafios. Temos empresas sólidas, sobretudo nas telecomunicações, temos grupos de media inteligentes, com estabilidade accionista e de gestão e com planos de desenvolvimento que não são redutores. São plataformas abertas que pressupõem parcerias com outros tipos de operadores: tecnológicos e de telecomunicações".
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