Mostrar ao ecossistema empreendedor nacional as vantagens de aderir ao Programa UPskill, através do qual terão acesso a talento qualificado em tecnologias de informação à medida das suas necessidades específicas foi o objetivo do webinar "Requalificação de talento digital". O evento resultou da iniciativa da Startup Portugal, em articulação com a APDC, e abrangeu ainda a realização de um inquérito a startups e scaleups sobre as suas expetativas em termos de recrutamento de pessoas requalificadas em TI.

Como referiu André de Aragão Azevedo, secretário de Estado para a Transição Digital, no arranque do webinar, o UPskill é uma medida nacional emblemática para responder à necessidade de requalificação das pessoas, com a disponibilização de ofertas formativas alinhadas com o que as empresas procuram em concreto. Através deste programa, que resultou da iniciativa da APDC, em parceria com o IEFP e com os politécnicos nacionais, pretende-se acelerar a requalificação da população ativa e potenciar a transição digital das empresas.

Depois de uma 1ª fase de formação, já em curso, que está a ser liderada por empresas que recrutam em grande escala, a ambição para a 2ª edição, a lançar no 2º trimestre deste ano, é alargar o universo de empresas beneficiárias ao ecossistema de startups, como destacou o governante. Desta forma, poderão beneficiar do acesso a mão-de-obra muito mais qualificada, aproveitar as oportunidades que resultam desta conjuntura de pandemia e potenciar o seu crescimento e desenvolvimento.

"Cada vez mais, o talento é chave e é por isso que este programa é tão relevante", destacou André Azevedo, uma vez que o UPskill parte de uma identificação das necessidades de talento por parte das empresas envolvidas, que trabalham no setor privado. Depois desta identificação, recorre-se à capacidade instalada do ensino superior nacional, que mostrou "grande abertura para criar soluções formativas à medida, usando a sua oferta". Salientou ainda a importância do programa para os profissionais envolvidos, que através do programa têm a garantia da sua empregabilidade.

Para aferir o interesse e as necessidades do ecossistema empreendedor, foi lançado um inquérito cujas conclusões preliminares mostram que dois terços das empresas que participaram consideram que a falta de recursos humanos tecnológicos constitui um entrave ao seu crescimento. Programação e análise de dados estão entre as áreas de maior carência.

Cerca de dois terços das startups mostra interesse em participar no UPskill que, segundo o governante, "traz, de facto, valor acrescentado para as empresas e é um instrumento de política pública que podemos estimular. Fazer desta iniciativa um novo referencial e exemplo da formação do futuro é o que queremos promover".

Já no painel de debate sobre recrutamento e reskilling, Ricardo Araújo, Director of Global Community na OutSystems, começou por destacar o envolvimento da tecnológica no programa, num processo que foi longo, na sequência da pandemia, que trouxe um conjunto de impedimentos. Agora, a empresa aguarda a finalização da formação dos candidatos para os começar a receber, até porque está a voltar a recrutar em força, depois de uma fase em que suspendeu este processo.

E, como explica Pedro Moura, CMO & Head of Future Works da Landing Jobs, a pandemia trouxe alterações de comportamento às empresas tecnológicas, que começaram por travar as contratações. Agora, estão a reiniciar este processo, registando-se uma crescente procura de talento qualificado em TI. Para o gestor, o UPskill é um programa relevante, mas há que se fazer muito mais neste âmbito, tendo em conta as necessidades do país, muito acima da disponibilidade de recursos humanos atual. "Empresas, pessoas e Estado têm que ter muito mais ambição e fazer desde um desígnio nacional", salienta.

Na Unbabel, essse é um tema essencial, como destaca o seu VP of Product Innovation.  Paulo Dimas diz que pelo menos metade da equipa da tecnológica está na área de R&D, o que implica uma enorme qualificação das pessoas. E confirma que, depois de uma reação inicial em que a empresa deixou de contratar, na sequência da pandemia e da quebra do negócio, está agora de novo a recrutar em força, até porque as áreas gaming e e-commerce estão a registar grande reforço, permitindo recuperar a trajetória de crescimento.
"Agora estamos a contratar e precisamos de pessoas em todas as áreas. E existe um largo espetro de atividades nas áreas de desenvolvimento onde a falta de talento é uma realidade", "acrescenta, sendo que por isso a Unbabel está interessada em envolver-se no UPskill.

"Todas as empresas vão ser empresas de software, de forma a poderem crescer e fazer a sua transformação digital. Cada vez mais, o caminho terá de ser pelo digital e só assim se conseguirá chegar ao cliente final. Há que ter uma porta aberta diferenciada, o que obriga a investimentos na área digital", garante o responsável da Outsystems. Por isso, defende que "precisamos de formar dezenas de milhares de pessoas, se o país quer ser competitivo e apostar na qualidade. Apesar de sermos um país pequeno, temos que nos capacitar para entrar no mercado dos grandes".

Já Manuel Garcia, Gestor do Programa UPskill na APDC, apresentou as metas e objetivos da iniciativa. Com a 1ª fase de formação em curso, envolvendo 430 formandos, selecionados de entre mais de 5,6 mil candidatos, que serão colocados em 19 empresas, a meta é agora alargar o espetro de empresas envolvidas para a fase seguinte. Esta deverá ser previsivelmente lançada no 3º trimestre do ano. Até lá, o programa pretende captar novas empresas para desenhar à medida a formação que será ministrada na 2ª edição do UPskill.

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