Portugal tem vindo a destacar-se mundialmente no âmbito do WSA, pelo seu elevado nível de empreendedorismo e de inovação, com a criação de múltiplos projetos de base tecnológica que respondem a problemas concreto nas mais variadas áreas. A recente crise da pandemia demonstrou bem esta realidade, com o surgimento de inúmeras soluções tecnológicas para responder aos desafios criados por uma situação sem precedentes. Para mostrar as vantagens do World Summit Awards, cujo processo de candidaturas nacionais termina a 20 de junho, a APDC realizou este webinar, num formato de conversa informal.
Como explicou Sandra Fazenda Almeida, Diretora Executiva da APDC, que é também National Expert do WSA Portugal e WSA Management Board, há mais de uma década que a APDC é a responsável pela call nacional. a Associação tem liderado o processo de seleção dos oito projetos candidatos ao concurso internacional, nas suas diferentes categorias.
Todos os anos, o processo envolve mais de 180 países, que disputam entre si que serão os grandes vencedores mundiais em cada uma das oito categorias a concurso: government & citizen engagement; health & well being; learning & education; environment & green energy; culture & tourism; smart settlement & urbanization; business & commerce; e inclusion & empowerment.
Uma das finalistas nacionais de 2018, na categoria de Learning & Education, foi a Body Interact. Trata-se de um software de simulação médica, desenvolvido pela startup Take the Wind, usado para treinar estudantes, médicos e enfermeiros, com vista a melhorar a prática clínica em diferentes áreas terapêuticas. A plataforma, similar a um simulador de voo, permite aos utilizadores realizarem cenários baseados em problemas reais, através da interação real com pacientes virtuais. Usa equipamento 3D, combinando simulação clínica com o treino de tomada de decisões e design de jogos.
Para Raquel Bidarra, responsável de marketing da Body Interact, a participação no WSA teve impacto na empresa e no projeto. A candidatura obrigou a uma avaliação da solução, refletindo sobre a sua proposta de valor e o caminho a seguir. Contribuiu, em paralelo, para difundir ainda mais a solução, que neste momento já está presente em 41 países, em termos internacionais, dando-lhe uma enorme visibilidade, assim como o acesso a mais conhecimento por parte da equipa do projeto.A gestora destaca ainda que, recentemente, com a crise da pandemia, a solução foi colocada ao serviço da comunidade internacional, sendo disponibilizada gratuitamente para os profissionais de saúde se treinarem e estarem mais bem preparados para responder ao COVID-19.
A estratégia de seleção de projetos, tanto a nível nacional como internacional, passa por dar destaque às soluções distintivas e diferenciadoras. Nelson Lopes, da ASSOFT - Associação Portuguesa de Software, que integra o júri de seleção português, adianta que o fator que elege como crítico é que o projeto seja verdadeiramente disruptivo, com um efeito transformador e inovador no mercado que endereça.
Também Carlos Cerqueira, do Instituto Pedro Nunes e outro membro do júri, salienta a importância do fator disruptivo, assim como da inovação no contexto empresarial. Olhando-se em primeiro lugar para o problema ou oportunidade que o projeto está a abordar, com uma nova forma de resolução que melhora efetivamente a vida das pessoas. "Há uma oportunidade que merece ser desenvolvida. Olhamos para o contexto, o valor para o utilizador, o benefício para a empresa responsável pelo projeto, que tem de criar valor, e a identificação com os objetivos de sustentabilidade", explica.
Sandra Fazenda Almeida, que faz ainda parte do júri internacional de seleção, destaca ainda a importância de o projeto ter um impacto local que pode ser escalado para outros países ou regiões. "É impressionante como os problemas com escalas diferentes em diferentes geografias são abordados por vezes de forma tão simples", destaca, referindo-se a alguns dos projetos internacionais que tem avaliado em edições anteriores do WSA.
Para esta responsável, a expetativa é que este ano se registe a candidatura de mais projetos, tendo em conta o surgimento de muitas soluções inovadoras nacionais para dar resposta aos múltiplos desafios criados pela pandemia, para além dos demais projetos que já existiam, orientados para endereçar e resolver um problema que foi detetado.
Destacou também o envolvimento da ANI - Agência Nacional de Inovação, através do programa Born from Knowledge (BfK), que se associou ao WSA ao nível nacional, participando no júri de seleção e elegendo o projeto de entre os candidatos que considera que mais contribuiu para o conhecimento científico e tecnológico em Portugal. No ano passado, a app distinguida foi a SNS24.
E se o concurso do WSA é importante para todos os perfis de participantes, desde pequenas a grandes empresas, passando por autarquias e pela administração pública, ele é fundamental para as startups, que para crescer precisam da credibilidade e confiança que é dada por esta iniciativa, como refere Carlos Sequeira. Além de poderem desenvolver múltiplos contactos internacionais e de poderem interagir com os decisores e investidores.
Recorde-se que o World Summit Awards é um concurso que decorre no âmbito das Nações Unidas, destinando-se a selecionar e promover inovações digitais locais que tenham um impacto global. A iniciativa assume-se como uma plataforma internacional que combina um conjunto de eventos com uma rede global de empreendedores, peritos, mentores, líderes de governo, académicos e sociedade civil. Abrange candidaturas de cerca de 180 países.
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