Afinal, a OpenAI vai continuar a ser controlada por uma organização não lucrativa, recuando assim no seu plano de se transformar numa entidade empresarial. A decisão acaba de ser anunciada por Sam Altman, depois de meses de indecisão e de críticas do mercado. Agora, quer garantir uma IA generativa benéfica e democrática.
"A OpenAI foi fundada como uma organização sem fins lucrativos e hoje é essa organização que supervisiona e controla as atividades com fins lucrativos. No futuro, continuará a ser uma organização sem fins lucrativos a supervisionar e controlar as atividades lucrativas. Isso não vai mudar", referiu o líder da dona do ChatGPT em comunicado aos funcionários.
Fundada em 2015 como uma entidade sem fins lucrativos, a OpenAI viu a valorização da tecnologia de inteligência artificial e dos grandes modelos de linguagem (Large Language Models) do GPT a garantirem-lhe um poder crescente, que aumentou depois da empresa ter anunciado ao mundo o ChatGPT, em novembro de 2022.
Daí que a possibilidade de mudança do modelo do projeto estivesse a ser discutida há vários meses, com apoiantes e opositores, sendo o mais ativo o homem mais rico do mundo, Elon Musk, que fez parte do grupo inicial de investidores na OpenAI. Agora, assume-se que o projeto se manterá sob o controle de uma organização sem fins lucrativos.
"Decidimos que a OpenAI não lucrativa (OpenAI Nonprofit) ia continuar a controlar depois de ouvirmos líderes cívicos e termos tido conversas com os procuradores-gerais (dos Estados) da Califórnia e do Delaware", referiu ainda o CEO da empresa.
Ainda assim, a OpenAI já tem um ramo comercial, que deve agora ser convertido numa empresa de interesse publico (public benefit corporation), "que tem de considerar os interesses tanto dos acionistas como a sua missão". O que "configura uma estrutura mais compreensível para fazer as coisas que uma empresa da nossa dimensão tem de fazer", adiantou Sam Altman, até tendo em conta que "há muito mais procura para usar os instrumentos da IA do que pensávamos que ia haver".
Admitindo que se a OpenAI fosse "uma empresa normal", seria mais fácil obter financiamentos, destaca que dada a sua missão, "não queremos ser uma empresa normal e acreditamos que isto está bem acima do limiar necessário para obter fundos".
E indica três objetivos a alcançar: ter capacidade de operar e obter recursos para tornar os serviços amplamente disponíveis para a humanidade, "o que atualmente exige centenas de milhares de milhões de dólares e pode, eventualmente, exigir biliões de dólares"; ser a maior organização sem fins lucrativos e a mais eficaz da história, concentrando-se no uso da IA e em entregar "os melhores resultados" possíveis; e concentrar no core do projeto, de "entregar uma IA generativa benéfica", garantindo "que a IA democrática vença a IA autoritária".
Recorde-se que os cofundadores da OpenAI, incluindo Sam Altman e Elon Musk, começaram o projeto como um laboratório de investigação não-lucrativo, com a missão de construir, de forma segura, a inteligência artificial geral (AGI), para benefício da humanidade. Dez anos depois, o projeto tem um valor de mercado de 300 mil milhões de dólares, com 400 milhões de utilizadores semanais do seu produto emblemático, o ChatGPT.
Devendo com este novo financiamento passar a valor 14 mil milhões
