Os líderes da Ericsson e a Nokia fizeram um apelo à União Europeia: pedem mais liderança tecnológica, promoção da inovação, incentivo ao investimento em tecnologias críticas, a redução da fragmentação e maior escala do mercado. Por isso, dizem ser urgente a implementação dos relatórios Draghi e Letta.
Tanto o CEO da Ericsson, Borje Ekholm, como o CEO da Nokia, Pekka Lundmark, destacam em comunicado a desfasagem competitiva da Europa face aos Estados Unidos e à China, que está a aumentar com os baixos nívels de investimento em I&D e a lacuna significativa de produtividade. Por isso defendem uma visão industrial renovada para a Europa, com o objetivo de garantir a prosperidade da região através da inovação, investimento, liderança tecnológica e digitalização.
Apoiados pelos líderes europeus de tecnologia ASML e SAP, a Nokia e a Ericsson organizaram uma cimeira em Bruxelas sobre "uma Nova Ambição Industrial para a Europa". O projeto visou catalisar o impulso em toda a UE, para implementar as ações necessárias para alcançar o sucesso futuro da digitalização europeia. Incluindo um ambiente regulatório mais favorável e tornando a região mais atraente para os investidores. E contou com a participação de figuras políticas europeias seniores - incluindo Henna Virkkunen, vice-presidente executiva da CE para Soberania Tecnológica, Dariusz Standerski, vice-ministro de Assuntos Digitais da Polónia, e o antigo primeiro-ministro italiano, Enrico Letta - para discutirem a forma como a Europa pode dar seguimento às advertências dos líderes europeus e implementar os relatórios Draghi e Letta.
Refere-se que o setor de tecnologia na Europa está significativamente atrasado em relação aos EUA e à China. Em 2023, os gastos com I&D das sete principais empresas de tecnologia dos EUA representaram o equivalente a metade do total de gastos públicos e privados da Europa em todos os setores nesta área. Sendo que as empresas europeias enfrentam uma lacuna estimada em 450 mil milhões de euros em I&D e formação de capital, resultando em uma desvantagem de produtividade anual de 20%. Com as empresas americanas a investirem mais 60% em I&D e liderando o crescimento da produtividade, a Europa corre o risco de ficar ainda mais para trás na corrida tecnológica global.
Por isso, defendem que os decisores europeus terão de criar um ambiente regulatório favorável para atrair investimentos, priorizar a conectividade avançada e abordar as lacunas de conectividade em toda a Europa. E enfatizam a importância de redes seguras e confiáveis para a resiliência económica e a digitalização de setores como a defesa. Entre os principais pedidos está a redução dos encargos regulatórios, incentivar a pesquisa e o desenvolvimento, apoiar a consolidação de telecomunicações, digitalizar a administração pública, modernizar a educação e alinhar a conectividade com as metas verdes.
"A competitividade europeia já está com um pé na morgue. O nosso PIB real é 30% inferior ao dos EUA, a quota da UE na Fortune Global 500 continua a diminuir e o nosso futuro digital parece menos certo do que nunca. A boa notícia é que ainda podemos dar a volta. A Europa tem de criar um ambiente em que as empresas queiram investir, especialmente em tecnologias como a IA, cloud e conetividade avançada. Este não pode ser um esforço de uma década. A Europa tem de atuar desde já em questões como a caixa de ferramentas 5G e as fusões de empresas de telecomunicações. Se a Europa fizer isto corretamente, terá uma enorme oportunidade. Draghi e Letta já forneceram o enquadramento. Por isso, vamos agir", diz Pekka Lundmark, presidente e CEO da Nokia.
"Esta reunião única de quatro líderes tecnológicos realça a urgência que a economia europeia enfrenta junto dos decisores dos estados-membros. Empresas como a Ericsson já investem desproporcionadamente mais em I&D na Europa. Se outras regiões continuarem a correr à frente, este modelo não poderá sobreviver. Essas regiões estão a aproveitar as oportunidades através do investimento, da política e do apoio regulamentar. A Europa não está a fazê-lo. No entanto, a solução é bem conhecida. A UE tem de implementar as recomendações dos relatórios Draghi e Letta para permitir que o setor tecnológico desempenhe o seu papel na criação da futura prosperidade europeia", acrescenta Börje Ekholm, presidente e CEO da Ericsson.
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