Estudo SAP: falta de literacia em IA prejudica adoção nas empresas

2024-12-05

Apesar da inteligência artificial estar a redefinir a dinâmica no local de trabalho e as práticas de recursos humanos, esta é ainda uma área complexa. É que a falta de literacia digital dos colaboradores ainda constitui uma realidade, o que influencia as suas atitudes em relação à tecnologia e às pessoas que a utilizam no trabalho. A conclusão é do mais recente estudo da SAP. 
De acordo com os dados recolhidos junto de mais de quatro mil gestores e colaboradores, em todo o mundo, o principal fator que influencia a opinião dos trabalhadores sobre a IA é o seu nível de literacia em IA, ou seja, a sua capacidade de identificar, entender e avaliar a tecnologia. Em comparação com as pessoas com conhecimento em IA, as que apresentam baixa literacia em IA têm seis vezes mais probabilidade de se sentirem apreensivas, sete vezes mais probabilidade de sentirem medo e mais de oito vezes de probabilidade de se sentirem angustiadas em relação à utilização da IA no trabalho.
Além disso, quase 70% das pessoas com um alto nível de literacia em IA esperavam resultados positivos da utilização de IA no trabalho, em comparação com as 29% das pessoas com baixo conhecimento em IA. Os entrevistados com elevada literacia em IA também são mais propensos a ter perceções positivas ou igualitárias sobre como o uso da IA deve - ou não - influenciar as decisões relacionadas com as pessoas, como avaliações de desempenho, progressão na carreira e remuneração.
Quando confrontados com um cenário hipotético em que dois colaboradores apresentam exatamente o mesmo nível de desempenho na mesma função, sendo que um utiliza IA para realizar o seu trabalho e o outro não, os participantes da pesquisa expressaram opiniões divergentes sobre como o uso de IA deveria ser considerado ao tomar decisões importantes sobre as pessoas. 
Quando questionados sobre se a utilização de IA deve influenciar as avaliações de desempenho, mais de metade dos inquiridos (55%) acredita que os colaboradores que utilizam IA devem receber avaliações de desempenho superiores em comparação com aqueles que não a utilizam. Este sentimento é ainda mais evidente entre os colaboradores com elevado conhecimento em IA, com 64% a partilharem desta opinião.
Já à questão de saber se a utilização da IA deve ser considerada na remuneração, 44% dos inquiridos com baixo conhecimento em IA acreditam que os colaboradores que utilizam IA devem receber menos do que aqueles que não a utilizam. Por outro lado, 46% dos participantes com elevado nível de literacia em IA defendem que a remuneração deveria ser igual, independentemente do uso de IA.
Cerca de 45% das pessoas acreditam que os funcionários devem ter a mesma hipótese de promoção, independentemente de utilizarem ou não IA. Aqueles com elevada literacia em IA têm uma opinião semelhante, com a maioria (57%) a acreditar que as oportunidades de promoção devem ser iguais, independentemente da utilização da IA.
Estes resultados contraditórios mostram que a utilização da IA complicou esta situação e constituem um reflexo claro do momento complexo que as organizações e os colaboradores estão a atravessar. Com qualquer nova tecnologia vem um período de adaptação dos nossos conhecimentos, atitudes e comportamentos relacionados com a mesma. Estes resultados mostram que, embora a adoção da IA esteja a acelerar, alguns colaboradores ainda estão a debater-se com questões fundamentais sobre a utilização da IA no trabalho e a formar os seus próprios pressupostos - não só sobre a tecnologia, como também sobre as pessoas que a utilizam.  
Curiosamente, os resultados também revelaram que a maioria das pessoas quer trabalhar para empresas que utilizam a IA nas suas práticas de recrutamento. Entre 45% e 57% afirmaram que reagiriam positivamente se uma empresa utilizasse ferramentas de IA no processo de contratação, como, por exemplo, ser mais propenso a candidatar-se e aceitar uma oferta de emprego, sentir-se mais confiante na sua adequação ao novo emprego e acreditar que o processo de contratação é mais justo. Este otimismo foi ainda mais elevado para os colaboradores com elevada literacia em IA, com 66% a 75% dos trabalhadores com maior literacia em IA a aprovarem estas reações positivas.  
Os resultados anteriores sobre o impacto da utilização da IA nos resultados de trabalho mostraram que as pessoas têm opiniões bastante divergentes sobre o facto dos colaboradores utilizarem a IA para fazerem o seu trabalho. No entanto, estes resultados indicam que os colaboradores são geralmente mais bem aceites quando se trata de organizações que utilizam a IA para melhorar práticas como o recrutamento. As organizações que esperam melhorar as suas práticas através do aumento da eficiência e da redução de preconceitos serão provavelmente mais bem-sucedidas na atração de talentos e, em especial, de talentos com as competências de IA mais procuradas.  
Com base neste estudo, é evidente que, à medida que a IA se torna uma ferramenta mais utilizada no trabalho, as organizações devem concentrar-se e investir na literacia em IA para ajudar os colaboradores a compreenderem esta nova tecnologia, aumentando a sua adoção e garantindo que todos estão preparados para beneficiar dela. Os dados mostram que os aspetos mais importantes da educação em IA para melhorar o sentimento e a adoção são saber como utilizar a IA para os objetivos serem alcançados, facilitar as tarefas e ser capaz de detetar a utilização de IA.  
As organizações podem melhorar a literacia em IA e, consequentemente, a adoção da IA, através de um vasto leque de estratégias, incluindo: experiência prática; formação e recursos; comunicação da mudança; mostrar concretizações; aprendizagem entre pares; e cultivar uma mentalidade de crescimento.
 


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