IBM dá 4 princípios chave para IA responsável nas organizações europeias

2023-11-29

Para a definição e implementação de uma estratégia de IA responsável nas organizações, há quatro princípios-chave a ter em conta: priorizar a criação de valor, apostar na comunidade, garantir que a IA funcione em todo o lado de forma eficiente e prestar contas. As recomendações constam do mais recente estudo da IBM, que explora a forma com a liderança está a mudar na era da IA no espaço europeu.

Denominado ‘Leadership in the Age of AI', o trabalho baseou-se em entrevistas a mais de 1.600 líderes seniores e executivos C-Suite no Reino Unido, França, Espanha, Alemanha, Itália e Suécia. E explora a forma como a liderança se está a transformar, à medida que as empresas da região adotam a IA generativa. Tendo em conta que a ascensão da IA generativa em 2023 tem sido extraordinária, o próximo ano deverá ser de adoção massiva das soluções assentes nesta tecnologia. Pelo que a pressão para tomar as decisões certas e liderar adequadamente está a ser sentida em todo o C-suite.

Assim, o relatório concluiu que 96% dos inquiridos que têm ou planeiam implementar IA generativa participam ativamente na criação de novos enquadramentos setoriais éticos e de governança. Para responder à pressão crescente, os líderes empresariais inquiridos afirmam que as três maiores fontes de pressão para adotar a IA generativa são, não só a concorrência ou os consumidores, mas também os colaboradores, membros do conselho de administração e investidores. Estra pressão resulta principalmente de um desejo de modernizar e melhorar a eficiência operacional (45%), utilizando a IA para automatizar os processos rotineiros e libertar os colaboradores para assumirem tarefas de maior valor, ajudando simultaneamente a promover a inovação. Segue-se o potencial da tecnologia para melhorar a experiência do cliente (43%) e aumentar os resultados das vendas (38%). Em resposta à agenda do conselho de administração sobre a IA, os inquiridos foram praticamente unânimes (95%) quanto ao potencial da IA generativa para impulsionar melhores decisões de liderança.

No que diz respeito aos desafios da implementação da IA generativa, os inquiridos salientaram como principal prioridade a importância de a aplicar num quadro ético e inclusivo, seguida da pressão para contratar talento especializado e as implicações económicas. Enquanto os reguladores de toda a Europa trabalham para desenvolver rapidamente quadros políticos de IA, está a exigir-se aos próprios líderes empresariais que assumam a propriedade e a responsabilidade em questões-chave, citando a preocupação com as implicações de segurança (incluindo privacidade e vigilância) como fundamentais para uma IA responsável.

"A IA irá definitivamente mudar as regras do jogo. Um poderoso catalisador com o potencial de impulsionar um progresso global transformador. E a sua rápida ascensão está a dar à Europa, onde se encontram 7 dos 10 países mais inovadores do mundo, a oportunidade de desempenhar um papel de liderança. Mas isto não significa que os líderes empresariais não estejam conscientes dos desafios. As preocupações em torno da governança, ética e segurança são prioritárias, uma vez que os executivos se esforçam por adotar a IA de forma segura e responsável. É uma responsabilidade que afeta todas as esferas de uma empresa, desde os seus dados aos seus colaboradores, passando pela sociedade em geral. E o sucesso requer um tipo de mudança organizacional para a qual poucos estão preparado", diz Ana Paula Assis, Chair & General Manager EMEA da IBM.

"Embora nenhuma organização queira ficar para trás, aos olhos dos clientes, investidores, colaboradores e peers, é necessária uma licença para operar com esta nova e apaixonante tecnologia. E essa licença é a confiança. Este momento exige uma liderança de confiança, incutindo uma boa governança em cada ação tomada. Todas as estratégias de IA bem-sucedidas dependerão de uma governança de IA eficaz e responsável - e fazê-lo corretamente garantirá que as empresas estejam preparadas e prontas para colher os benefícios da revolução da IA", acrescenta.

De um modo geral, a melhoria das competências de IA provou ser uma prioridade fundamental, já que 95% dos líderes inquiridos afirmou que estão a tomar medidas para garantir que as suas organizações têm as competências de IA adequadas. Neste sentido, os inquiridos classificam a melhoria das competências da força de trabalho existente logo à frente do recrutamento de novos especialistas e da subcontratação de fornecedores de tecnologia.

A nível pessoal, os líderes estão ativamente empenhados em aumentar os seus próprios conhecimentos sobre a tecnologia de IA generativa (44%), o panorama regulatório e de conformidade (41%) e as implicações éticas (41%). Para além de fazerem o seu "trabalho de casa", estão também a assumir uma responsabilidade proativa e pessoal para ajudar a estabelecer barreiras de segurança: 74% dos líderes estão a planear participar em discussões ativas com os seus pares ou colaborar ativamente com os decisores políticos sobre a regulamentação da IA. No entanto, apesar destas conversas promissoras, ainda temos um longo caminho a percorrer. Embora 91% dos inquiridos afirme ter uma boa compreensão do contexto regulatório, uma proporção muito menor (54%) tem claro o que isso significa para o seu negócio.

"Os responsáveis políticos europeus precisam de um compromisso ativo e a longo prazo dos líderes empresariais para conseguirem um quadro regulamentar eficaz e adequado.  Melhorar as competências, investindo em programas de formação e educação acessíveis em IA e IA generativa e procurar apoio especializado, irá garantir que ambas as tecnologias sejam utilizadas eficazmente em toda a organização", refere comentou Bola Rotibi, Chefe de Investigação Empresarial, CCS Insight da IBM.

Tendo em conta estes resultados, a IBM recomenda quatro princípios-chave para uma estratégia de IA responsável:
- Priorizar a criação de valor: qualquer empresa que pretenda tirar o máximo partido da IA deveria participar em toda a oportunidade de criação de valor dos modelos fundacionais, em vez de externalizar a sua capacidade, estratégia e dados a terceiros;
- Apostar na comunidade: para onde quer que a IA vá no futuro, não haverá um modelo fechado que prevaleça sobre todos. Ao integrar uma combinação dos melhores modelos de código aberto, privados e proprietários, as empresas podem tirar o máximo partido da comunidade aberta que está por detrás da revolução; 
Garantir que a sua IA pode funcionar em todo o lado, de forma eficiente: ao utilizar tecnologias de cloud híbrida e aberta, as empresas podem otimizar o custo, o desempenho e a latência. O futuro destas tecnologias depende de opções ágeis, rentáveis e eficientes em termos energéticos, e as empresas bem-sucedidas serão aquelas que se preparem para prosperar em qualquer ambiente;
- E prestar contas: uma boa IA é uma IA governada e, para aqueles que esperam liderar o processo, incutir este princípio em tudo o que fazem contribuirá em grande medida para cimentar a sua posição de liderança.
 


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