Num trimestre marcado pelo tom crescente de ameaças e à imposição de restrições às exportações de tecnologia norte-americana para a China, vindas da Administração Trump, o crescimento da gigante de IA Nvídia foi evidente. Tudo graças à procura "incrivelmente forte" por produtos para as aplicações de inteligência artificial, como deixou claro o seu CEO.
Assim, e apesar do impacto direto das novas regras de exportação aplicadas pelo governo dos Estados Unidos, o grupo viu as receitas crescerem 69%, para um total de 44,1 mil milhões de dólares no 1º trimestre do seu ano fiscal de 2026, voltando a superar as previsões do mercado, que antecipava 43,3 mil milhões de dólares.
Recorde-se que em abril a gigante teve de avançar com uma provisão de 5,5 mil milhões de dólares, em resultado do excesso de inventário e das obrigações de compra do chip H20, cuja exportação para a China passou a exigir licença especial, reduzindo em 2,5 mil milhões de dólares as vendas previstas para aquele mercado.
O crescimento apresentado foi liderado pela divisão de data centers, com receitas de 39,1 mil milhões de dólares, mais 10% que um ano antes. Já a divisão de jogos, embora represente uma fatia menor, teve um crescimento expressivo de 42%, para um total de 3,8 mil milhões.
No plano estratégico, a Nvidia anunciou a construção de fábricas nos Estados Unidos, em parceria com outros players. Estas deverão formar a espinha dorsal da infraestrutura de supercomputação baseada em seus chips mais avançados. Está ainda a investir na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Para o segundo trimestre fiscal, a Nvidia prevê receitas de 45 mil milhões de dólares. Este valor já contabiliza uma perda de oito mil milhões de dólares em vendas na China. A gigante está confiante na sua capacidade de reorientar parte da procura para outros clientes, incluindo contratos recentemente anunciados com "soberanos de inteligência artificial" na Arábia Saudita e nos Emirados Árabes Unidos.
Estima-se que o impacto das restrições comerciais represente uma perda potencial de 50 mil milhões de dólares em vendas anuais na China, um dos maiores mercados mundiais de semicondutores. O CEO da Nvidia, Jensen Huang, já criticou publicamente as limitações de exportação, defendendo que proteger os fabricantes chineses apenas os torna mais fortes a longo prazo e apelando a uma revisão das regras que fragilizam a liderança norte-americana na IA.
Mostra World Wealth Report 2025 do Research Institute da Capgemini