O desenvolvimento da inteligência artificial generativa (IA Gen) continua a evoluir a uma velocidade assinalável, mas a mudança organizacional dentro das empresas não acompanha o mesmo ritmo. Uma situação explicada pelas preocupações em torno da conformidade regulatória e riscos associados e dos desafios da escalabilidade. Ainda assim, 26% das organizações já exploram o desenvolvimento de agentes de IA Gen autónomos em larga escala, enquanto 42% estão a testar a tecnologia de alguma forma. Os dados são do ‘State of Gen AI in the Enterprise', o mais recente estudo da Deloitte.
O trabalho mostra que entre os principais obstáculos à implementação de ferramentas de IA Gen se destacam as preocupações com a conformidade regulatória: aumentaram de 28% para 38% entre o primeiro e o quarto inquérito realizado em 2024. E que mais de dois terços dos líderes empresariais que trabalham com IA afirmam que apenas 30% ou menos das suas experiências serão totalmente escaladas nos próximos três a seis meses.
No entanto, apesar dos desafios, 78% dos inquiridos esperam aumentar o investimento global em IA no próximo ano fiscal. E que quase todas as organizações já reportam um retorno sobre o investimento (ROI) mensurável com as suas iniciativas mais avançadas de IA Generativa e quase um quarto (20%) reporta um ROI de 31% ou mais. A adoção na área de TI está mais avançada, com 28% dos inquiridos a identificarem esta função como a principal beneficiária. A cibersegurança também se destaca, com 44% a afirmarem que o retorno superou as expectativas, mais do que em qualquer outra área.
O estudo "State of Gen AI in the Enterprise - Q4" baseou-se num inquérito realizado entre julho e setembro de 2024. Envolveu 2.773 líderes de negócios e tecnologia diretamente envolvidos na experimentação ou implementação de IA Generativa em grandes organizações, abrangendo 14 países e seis setores: consumo; energia, recursos e indústria; serviços financeiros; saúde e ciências da vida; tecnologia, média e telecomunicações; e setor público.
"As organizações têm de estar preparadas para a massificação da IA, ainda que, compreensivelmente, o ritmo vertiginoso da tecnologia nem sempre esteja alinhado com a velocidade a que o mercado adota as tecnologias emergentes. Ainda assim, o que concluímos é que há um reconhecimento cada vez maior por parte dos líderes das inúmeras capacidades e vantagens de adotarem este tipo de tecnologias, que impactam praticamente todas as áreas das organizações. Certo é que a velocidade da tecnologia não vai abrandar, veja-se, por exemplo, os agentes de AI, totalmente disruptivos, com capacidade para modificar por completo a forma como as organizações operam", diz em comunicado Hervé Silva, Partner da Deloitte,
A IA Autónoma (ou Agentic AI) surge como um novo vetor de criação de valor sustentável. Estes sistemas de IAl operam com autonomia na tomada de decisões e na execução de tarefas, sem necessidade de instruções humanas constantes. O estudo indica que 26% das organizações já exploram o desenvolvimento de agentes autónomos em larga escala e 42% estão a testar a tecnologia de alguma forma. Esta inovação tem potencial para desbloquear novas oportunidades ao permitir que sistemas baseados em IA Generativa coordenem fluxos de trabalho complexos e executem tarefas com intervenção humana limitada.
Mas as barreiras que atualmente dificultam a adoção da IA Gen - incerteza regulatória, gestão de riscos, deficiências de dados e questões relacionadas com a força de trabalho - continuam a aplicar-se e são ainda mais relevantes pela maior complexidade dos sistemas autónomos. O estudo conclui que a adoção generalizada não é uma questão de "se", mas de "quando", recomendando que as empresas avaliem que tarefas e processos são mais adequados para esta tecnologia, identifiquem objetivos claros, analisem riscos e criem estratégias de mitigação. O ideal é começar com casos de uso de baixo risco, envolvendo dados não críticos e garantindo sempre a supervisão humana.
Destaca-se ainda a importância da força de trabalho humana na transformação impulsionada pela IA. Os líderes do C-suite devem garantir alinhamento estratégico, gerir expectativas e promover um compromisso sustentável para a adoção da IA em larga escala. Além disso, investir na formação e capacitação dos colaboradores será essencial para maximizar o retorno sobre o investimento e garantir um crescimento sustentável a longo prazo.
Publicado trimestralmente, o inquérito avalia a adoção da IA Generativa nas empresas e fornece insights que ajudam os líderes a tomar decisões estratégicas informadas.
Mostra World Wealth Report 2025 do Research Institute da Capgemini