O novo Executivo tem "a enorme ambição de tentar fundir os reguladores para o digital numa única entidade, para facilitar a vida das empresas". A novidade foi avançada pelo novo secretário de Estado da Digitalização, que fez a sua primeira intervenção no Congresso da APDC. Para Bernardo Correia, "temos todos a ambição de que Portugal possa ser um país mais atrativo para o investimento estrangeiro. Para isso, é importante que as empresas, o setor tecnológico, o digital, consigam ter um único interlocutor".
Esta meta integra um conjunto de pilares já definidos pelo Executivo para o digital e que estão a "guiar o trabalho" da nova equipa. É que o que se pretende é "construir um Portugal onde a digitalização e a IA estejam perfeitamente integrados entre todos os setores do Estado e da economia, impulsionando a inovação, gerando emprego, qualificado e melhorando a qualidade de vida dos cidadãos. Com o Estado a dar o exemplo".
"Olhamos para o digital não como um fim em si mesmo, mas como uma alavanca transformadora, do Estado à sociedade, e somos guiados por uma visão estratégica muito clara", assegura Bernardo Correia. Que defende serviços digitais abertos, interoperáveis e inovadores; uma força de trabalho preparada para prosperar na economia intensiva em tecnologia, tanto dentro como fora da AP; infraestruturas digitais robustas, seguras e soberanas na AP; e um "ambiente regulatório que celebre a inovação e que equilibre e salvaguarda a ética e o bem-estar social".
Assim, entre os planos do Executivo, que corresponde ao primeiro pilar da estratégia já definida, está a criação de um Chief Information Officer do Estado, cuja missão será "articular transversalmente todos os setores da AP e garantir uma estratégia unificada de transformação digital". Aqui, o governante salientou que esta foi uma das linhas que constava dos contributos submetidos pela APDC para a Estratégia Nacional do Digital. Será ainda criada uma agência pró-digital, cujo nome ainda não foi escolhido, "que resultará da fusão de entidades da Administração Pública numa lógica de reorganização e reforma administrativa". Avançar com uma cloud soberana e dotar a AP das ferramentas tecnológicas mais avançadas, incluindo soluções de colaboração e plataformas de IA, são outras metas que permitirão ter "um Estado exemplar, capaz de liderar por aquilo que faz e não por aquilo que diz".
O segundo pilar vai passar pelo reforço dos serviços públicos digitais, colocando "o cidadão e as empresas no centro dos serviços públicos". Defendendo que o país "tem de liderar a revolução digital" refere que não temos de estar a apanhar o comboio da frente, temos de ser a locomotiva, temos de simplificar, desburocratizar, personalizar a experiência do utilizador, criar plataformas simples, intuitivas e disponíveis 24 horas, 7 dias por semana". Nunca esquecendo o atendimento presencial inclusivo: até de junho de 2026 serão abertas mais 20 lojas de cidadão e mais 200 espaços de cidadão no país.
Neste âmbito, garante que será finalmente adotado o princípio ‘once only', "algo de que falamos há muito tempo. (...) Não é aceitável que o Estado pergunte 20 vezes o mesmo número de identificação, o mesmo nível, a mesma informação que já tem, portanto queremos agilizar isso o mais rapidamente possível"
"O Governo anterior já havia publicado uma Estratégia Nacional para o Digital. Cabe-nos a nós apenas refiná-la e acelerar a sua implementação. Não queremos reinventar a roda. O Governo e o Ministério Interior já nos deixaram ums base de trabalho de conhecimentos excecionais. Nós queremos acelerá-la", assegura Bernardo Correia
Outra vertente que destaca é a da IA, onde será anunciada em breve a Estratégia Nacional para a Inteligência Artificial. Assim como se irão "dar os próximos passos para o LLM português". "Podemos ter uma AP que adote transversalmente a IA e que dessa forma melhore a qualidade e a rapidez dos serviços, reduz os erros que por vezes ocorrem e que melhore a prestação de serviços aos cidadãos", refere.
Nas linhas prioritárias no digital estão ainda a literacia e competências digitais. Porque "a digitalização só será justa e eficaz se ninguém ficar para trás. E, neste momento, na população portuguesa, apenas 56% tem competências digitais básicas. É inaceitável e abaixo da meta de 80% para 2030", diz. E o mesmo para o reforço dos especialistas em tecnologias de informação, onde "há que fazer um caminho".
Neste âmbito, e com a aceleração dos programas de literacia digital, está previsto o lançamento de um novo pacto de competências digitais, em parceria com empresas, escolas, associações. O que incluirá um reskilling e um upskilling na própria AP, com programas de formação contínua, entre outras medidas " para posicionar Portugal como um centro de talento digital".
Neste trabalho, que é "um trabalho de fundo que vamos ter de fazer com muita calma", o governante desafia as empresas a colaborar neste que é um desígnio nacional. "Partilhem as vossas ideias, desafiem as nossas políticas, cocriam-se soluções connosco", rematou.
Anúncio foi feito no Congresso por Giorgia Abeltino, da tecnológica