Os gastos com tecnologia digital das organizações portuguesas devem crescer este ano cerca de 15% no mercado nacional, ou seja, sete vezes mais do que a economia, graças à procura de modelos de negócio e mais capacidades digitais. A previsão é da IDC, que avança ainda que os investimentos incidirão sobretudo em IA, cloud e cibersegurança. E que este reforço de 15% previsto para este ano se estenderá até 2027.
Os dados foram anunciados no IDC FutureScape - AI Trends Reshaping Digital Landscapes e mostram que o reforço esperado para 2024 fica abaixo de 2021 e 2022, períodos em que o investimento em transformação digital (DX) se situou em 34% e 21%, respetivamente. Já no ano passado, o crescimento desacelerou para 10%.
"Apesar do contexto geopolítico e do abrandamento económico, o investimento em tecnologias digitais continua a superar em muito a performance da economia devido ao facto de ser uma das principais formas das empresas se manterem competitivas. Acrescenta o facto da indústria das tecnológica encontrar-se num momento de grande aceleração devido a rápida adoção da IA Generativa, que está a fazer com que a IA passe de um elemento de software "embrionário" para uma tecnologia de base no centro das organizações", refere Gabriel Coimbra, Group Vice President e Country Manager da IDC Portugal.
O abrandamento económico a nível mundial para 2024 está em linha com a desaceleração esperada para a zona euro, numa altura em que as guerras da Ucrânia e do Hamas e Israel continuam a pesar nas economias locais. Em Portugal, a cadeia de abastecimento de TI enfrenta os impactos das políticas globais e da volatilidade. No entanto, com o aumento da IA generativa, as GPUs, semicondutores e tecnologias desenvolvidas em silício tornam-se vitais. Por isso, o fornecimento limitado e a volatilidade dos componentes-chave para esta tecnologia exigem estratégias de resiliência e diversificação nas empresas portuguesas de TI.
A IDC acredita que os executivos de alto escalão (C-suite) em Portugal vão ter de lidar com as incertezas da inflação e das taxas de juros para definir os gastos em TI. Ou seja, o desafio passa por equilibrar o investimento digital com a gestão de custos, tendo em conta estas condições voláteis. No entanto, com a crescente proliferação da tecnologia de IA generativa, os executivos de TI já estão a repensar os gastos estratégicos, migrando da contenção de custos para o investimento em IA e inovação, enquanto controlam as despesas.
Outro dos temas que vão marcar as agendas nas empresas prende-se com definição de uma estratégia de ESG (governança ambiental, social e corporativa), que ajude a criar um propósito e a gerar valor para os negócios. Esta responsabilidade crescente em Portugal pretende dar resposta aos consumidores portugueses que, hoje, estão mais preocupados com o comportamento sustentável e os produtos das empresas. Por isso, a ESG pode ser uma medida económica que ajude na estratégia de mitigação de riscos.
A transposição da Diretiva NIS 2 para a legislação nacional é mais um desafio para Portugal. Até 17 de outubro de 2024, Portugal tem de transpor a Diretiva NIS 2, que vai passar a abranger mais sectores. Agora passam a estar incluídos os sectores da saúde, gestão de resíduos, serviços postais e administração pública, juntamente com os setores já abrangidos, como energia, transporte e água. A IDC prevê que esta alteração na legislação tenha um impacto para as pequenas e médias empresa (PMEs), uma vez que empresas com mais de 50 funcionários ou um volume de negócios anual superior a 10 milhões de euros estarão sujeitas à diretiva, mesmo que não sejam classificadas como infraestrutura crítica.
"Atualmente, mais de 30% do negócio das organizações é proveniente de produtos, serviços e experiências digitais, e acreditamos que, em 2025, seja mais de 40%. Neste contexto, os temas relacionados com a Gestão de Risco e Segurança de Informação são cada vez mais relevantes. Na nossa perspetiva, a Diretiva NIS 2 será fundamental para garantir uma maior resiliência digital das organizações europeias, mas vai exigir um esforço significativo por parte das grande e médias empresas, que terão de aumentar os seus investimentos em Segurança da Informação em mais 10 a 20%", acrescenta Gabriel Coimbra.
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