Portugal está no caminho certo para alcançar os 100% de cobertura na conetividade Gigabit e no 5G básico muito antes de 2030. E está entre os melhores da UE27 para o 5G na faixa dos 3,4-3,8 GHz, considerada a principal faixa pioneira, tendo já 65,2% dos lares portugueses cobertos. Também na saúde online, o país "fez progressos notáveis". Mas tem dois pontos fracos: as competências digitais básicas e os especialistas em TIC.
Esta é a conclusão da Comissão Europeia (CE), no 2º relatório sobre o Estado da Década Digital e as metas definidas para 2030. Os dados mostram que a maturidade da saúde online melhorou quase 40% no ano passado, estando neste momento acima da média da Europa: 86%, face à média comunitária de 79,1%.
Já o nível de competências digitais básicas da população portuguesa, de 56%, está ligeiramente acima da média da UE (55,6%. O que "demonstra progressos limitados nos últimos anos". O mesmo acontece com a proporção de especialistas em TIC no emprego, que é ligeiramente inferior à média da UE (4,5% contra 4,8%), com uma percentagem estagnada de mulheres na profissão (20% em 2023, contra 21% em 2021).
A análise do nosso país indica que se "planeia um esforço limitado para atingir os objetivos e metas da Década Digital". O roteiro conhecido estabelece metas para 4 dos 14 indicadores-chave de desempenho (KPI) sendo que, na maioria dos casos, as metas estão alinhadas com as ambições da UE para 2030. Para concretizar a sua transformação digital, Portugal prevê alocar um orçamento total (excluindo investimentos privados) estimado em 854 milhões de euros (0,3% do PIB).
O estudo recomenda que Portugal terá de "melhorar o seu desempenho face às metas e objetivos da Década Digital, para fomentar a competitividade, a resiliência, a soberania e promover os valores europeus e a ação climática". Assim, em termos de competências digitais básicas, deverá "prosseguir com a atribuição das restantes faixas pioneiras do 5G e reforçar as medidas relativas à implantação da tecnologia".
Já no que respeita aos especialistas em TIC, deverá "adotar medidas adicionais para melhorar o número, incluindo especialistas em segurança cibernética". Deverá ainda incentivar os jovens, em especial as mulheres, a prosseguirem estudos e carreiras no domínio das TIC.
Na digitalização das PME e dos unicórnios, recomenda-se a intensificação das medidas existentes, tendo em conta a meta ambiciosa sobre a intensidade digital básica das empresas. E ainda a necessidade de assegurar a continuidade do apoio até 2030, assim como continuar a reforçar o ecossistema de arranque e expansão do país.
No que respeita à adoção de tecnologias avançadas pelas empresas, terá de criar medidas específicas para a adoção da cloud, IA e análise de dados. Assim como apostar na colaboração reforçada entre os setores público e privado e com a academia, para melhor adequar o potencial dessas tecnologias às necessidades dos negócios.
O estudo refere que ainda que 43% dos portugueses inquiridos no âmbito do Eurobarómetro Especial 'Década Digital 2024' acreditam que a UE protege os seus direitos digitais, ligeiramente abaixo da média da UE de 45%. A confiança na privacidade digital é de 48%, também inferior à média da UE. As preocupações aumentaram significativamente, com 60% dos entrevistados preocupados com a segurança online das crianças (+20% em comparação com 2023) e 52% com o controle sobre dados pessoais (+15%). Estas conclusões sublinham a necessidade de reforçar os direitos digitais a nível nacional. Apesar das preocupações, 78 % consideram as tecnologias digitais importantes para aceder aos serviços públicos e 83 % para se ligar a amigos e familiares, alinhando-se com a média da UE.
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