Apesar de haver mais de mil fundadoras de startups a participar na edição deste ano da Web Summit, que decorre de 11 a 14 de novembro, o que representa o maior número de sempre, as mulheres no setor tecnológico continuam a sentir-se mal remuneradas e sub-representadas. Mas estão otimistas, sobretudo no que respeita ao potencial da IA para promover mudanças positivas. A conclusão é da nova edição do Women in Tech Survey, elaborado pela Web Summit.
Entre as principais conclusões do relatório que acaba de ser divulgado, destaca-se que uma percentagem substancial (50,8%) das mais de 1 mil mulheres inquiridas diz ter experienciado sexismo no local de trabalho, um valor que tem mostrado pouca alteração nos últimos anos. Quase metade (49,1%) das mulheres no setor tecnológico sente-se pressionada a escolher entre a família e a carreira, evidenciando um aumento de 7% em relação ao ano passado;
No entanto, o otimismo predomina. Sobretudo no que respeita ao potencial da IA para promover mudanças positivas: mais de 68% veem o impacto da IA e da automação na igualdade de género como positivo.
Cerca de um terço (29,6%) apontaram o financiamento como um grande obstáculo para iniciar um negócio e, apesar dos desafios, quase 76% das inquiridas concorda que se sentem capacitadas para procurar e/ou ocupar cargos de liderança. E mais de 80% das inquiridas partilham que há uma mulher na gestão de topo na sua empresa.
Neste 5º relatório da Web Summit foram entrevistadas durante o verão as mulheres que aderiram à iniciativa Women in Tech dos últimos anos. As inquiridas identificaram preconceitos de género inconscientes, o equilíbrio da carreira e a vida pessoal, a escassez de modelos femininos, a síndrome do impostor, a falta de redes de apoio e as dificuldades de financiamento como os seus desafios mais significativos.
"Porque é que temos mil startups fundadas por mulheres a juntarem-se a nós na Web Summit este ano e porque esse número continua a crescer? Esta é a pergunta que me vem à cabeça quando vejo os resultados do inquérito resultados do inquérito que mostram que as mulheres continuam a enfrentar os mesmos desafios", questiona Carolyn Quinlan, VP da comunidade da Web Summit.
"É frustrante que questões como o sexismo, a remuneração injusta, a síndrome do impostor e o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal continuem a aparecer. Muitas vezes parece que estamos presos nas mesmas conversas. No entanto, não posso deixar de sentir-me esperançosa. Cada vez mais mulheres estão a dar um passo em frente, a liderar e a trazer as suas empresas para eventos como a Web Summit", acrescenta.
"Desde 2021, a Web Summit tem mantido uma proporção quase paritária de participantes, e o aumento da participação feminina e startups fundadas por mulheres dá-me esperança de que podemos empurrar estes conversas para a frente e criar um futuro onde a tecnologia é um espaço para todos, não apenas um clube de rapazes", conclui.
Destaca-se ainda que o apelo à mudança é evidente. Aproximadamente 56% das mulheres sentem que a indústria não está a fazer suficiente para combater a desigualdade de género e 69% estão insatisfeitas com os esforços do seu governo. Apesar da falta de iniciativas, cada vez mais mulheres têm o poder de assumir a posição de destaque quando surgem oportunidades.
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